São Paulo, quarta-feira, 14 de abril de 2004 |
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TODA MÍDIA A desfeita
NELSON DE SÁ
"Control Room", ou sala de controle, é o documentário sobre a cobertura do canal Al Jazeera (acima) na primeira fase da atual guerra do Iraque. De acordo com a agência Associated Press, ele já recebeu um prêmio nos EUA -e nesta semana é atração de um festival no Lincoln Center, em Nova York. Apresenta, segundo a revista on line Slate, cenas como a morte de um jornalista da emissora do Qatar, atingido por um tanque americano em Bagdá. A Slate não gostou do filme. Em crítica, diz que ele não mostra, entre outras coisas, que a emissora não é objetivo como afirma ser -e que faz o jogo do emir do Qatar no Oriente Médio. Mas o documentarista não é nenhum novato. Egípcio, dirigiu um conhecido documentário sobre a ascensão e queda de uma empresa de internet, "Startup.com". Mais importante, ele tem os seus argumentos para defender o novo filme, ao dizer que buscou retratar "quem tem o poder de contar a verdade e como", acrescentando: - A mídia foi vital na fixação da história desta guerra. A coletiva George W. Bush convocou sua entrevista e, como a assessora Condoleezza Rice, falou e falou antes de abrir para perguntas, ao vivo na BBC, Fox News etc. Nas respostas, foi vigoroso em algumas (ao se dizer "doente" com as imagens dos americanos mutilados) e frágil em outras (ao dizer que também quer saber "por que não achamos as armas de destruição em massa"). Como sempre ocorre em tais pseudo-eventos, o placar final foi favorável ao presidente. Reação Na Fox News, as primeiras opiniões sustentavam que Bush, agora, "saiu da defensiva". Na CNN, a primeira reação foi de que Bush deixou muitas questões no ar, num momento em que "todos os dias estamos vendo americanos mortos". Corpos A NBC, que se pode assistir na internet, deu no fim da tarde: - Os corpos de quatro civis são encontrados no Iraque. Os corpos -de americanos- estariam "mutilados a ponto de não poderem ser reconhecidos". Até o fechamento, não havia imagens em nenhum site ou TV. Inflexão Para o "Washington Post", Bush convocou o que é apenas a sua terceira coletiva porque "sente-se que este é um ponto de inflexão em sua presidência". Imolação Mais do que a transmissão em tempo real da enfraquecida "guerra" no Rio, foi a imagem do desempregado que pôs fogo no corpo que chocou na TV. Foi manchete no Jornal da Band, com Carlos Nascimento, mas não no Jornal Nacional. Brasil pop Não é só o "Sunday Times" que considera o Brasil "o país do momento". Se o "Times" falou de biquínis e "Cidade de Deus", o "Telegraph" preferiu destacar música e Gilberto Gil. Em órbita De maior significado, talvez, é o impacto da Embraer e do novo jato com mais de cem lugares, abordados em uma reportagem da revista "BusinessWeek", com um título exagerado: - A Embraer do Brasil entra na estratosfera. Acaju No Brasil daqui, a história é bem outra. Os canais de notícia deram ao vivo o depoimento em que Waldomiro Diniz chorou e pediu perdão para as câmeras da TV Alerj, na assembléia do Rio. CPI é sempre assim. E a do Rio coincidiu com a entrada no ar da nova emissora. Semanas atrás, o jornal "O Dia" relatava como ela mudou a vida dos deputados -que regressaram do recesso "totalmente repaginados: botox, plástica, peruca, lipo". O líder do PT pintou o cabelo de acaju. ENDEREÇOS "Financial Times" - ft.com; UOL - uol.com.br; NBC - msnbc.com; "Washington Post" - washingtonpost.com; "Sunday Times" - sundaytimes.co.uk; "Daily Telegraph" -www.telegraph.co.uk; "BusinessWeek" - businessweek.com; "O Dia" -odia.com.br Texto Anterior: Previdência: Disputa na base adia votação de emenda Índice |
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