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SESSÃO INSÓLITA
Sessão tem piadas, troca de farpas ironia e acusações de "nepetismo"
Até jumento entra no bate-boca
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O debate sobre a proibição do
nepotismo na CCJ (Comissão
de Constituição e Justiça) da Câmara foi pontuado por bate-boca político, com acusações contra os governos de Luiz Inácio
Lula da Silva e de Fernando
Henrique Cardoso (1995-2002).
Para apimentar o clima, houve piadas e até defesas escrachadas da prática, desde que o parente não seja "jumento".
O atrito gerado entre governo
e oposição surgiu no fim, quando a deputada Zulaiê Cobra
(PSDB-SP) disse: "No governo
passado, tinha parente no governo, mas eu nunca vi tanta
mulher de ministro nos ministérios como agora".
O deputado Professor Luizinho (PT-SP), ex-líder do governo, reagiu rápido: "Não vamos
entrar nessa baixaria. Esse problema de indicar genro e depois
mandar embora porque ele não
gosta mais da filha não é nosso".
Ele se referia a David Zylbersztajn, ex-genro de FHC, que foi
presidente da ANP (Agência
Nacional de Petróleo).
Também da linha de ataque, o
deputado ACM Neto (PFL-BA)
insistia em um bordão: "É preciso acabar com o nepotismo e
com o "nepetismo'". Os petistas
não acharam graça, mas não
contiveram a risada com a piada
do tucano Zenaldo Coutinho
(PA): "Um amigo estava procurando uma namorada e disse
que a única exigência era que
fosse petista. Questionado sobre
o estranho requisito, disse: "Já
vem empregada!'".
O bom humor não se estendeu, porém, ao arroubo do deputado Jair Bolsonaro (PFL-RJ),
que classificou o debate de "demagogia", "palhaçada" e "hipocrisia". Ele, que já empregou filho e mulher no gabinete, defendeu a contratação de parentes
que não são "jumentos".
"Eu não estou preocupado
porque meu filho não é um imbecil e minha mulher não é uma
jumenta", disse. Não se deixou
interromper pela Mesa para não
"broxar" diante da imprensa. "E
as amantes? Vão ficar de fora da
proposta? Todo mundo sabe
que tá cheio de amante do Executivo aqui. Se o bicho pegar, eu
vou começar a falar", debochou.
Questionado sobre a brecha
para amantes, Professor Luizinho disse não saber de nenhum
caso e foi logo mostrando a foto
da mulher e dos filhos na tela do
telefone celular.
Em época de eleição de novo
papa, sobrou farpa até para os
cardeais católicos. O relator Sérgio Miranda encerrou o debate
lembrando a origem da palavra
nepotismo: nepote, referente a
sobrinho ou neto.
"Vem da prática de alguns
cardeais de levar ao Vaticano
seus sobrinhos, que, na verdade,
eram um pouco mais próximos
que sobrinhos", brincou, provocando risos.
(LEILA SUWWAN)
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