São Paulo, quinta-feira, 14 de abril de 2005

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SESSÃO INSÓLITA

Sessão tem piadas, troca de farpas ironia e acusações de "nepetismo"

Até jumento entra no bate-boca

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O debate sobre a proibição do nepotismo na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara foi pontuado por bate-boca político, com acusações contra os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
Para apimentar o clima, houve piadas e até defesas escrachadas da prática, desde que o parente não seja "jumento".
O atrito gerado entre governo e oposição surgiu no fim, quando a deputada Zulaiê Cobra (PSDB-SP) disse: "No governo passado, tinha parente no governo, mas eu nunca vi tanta mulher de ministro nos ministérios como agora".
O deputado Professor Luizinho (PT-SP), ex-líder do governo, reagiu rápido: "Não vamos entrar nessa baixaria. Esse problema de indicar genro e depois mandar embora porque ele não gosta mais da filha não é nosso". Ele se referia a David Zylbersztajn, ex-genro de FHC, que foi presidente da ANP (Agência Nacional de Petróleo).
Também da linha de ataque, o deputado ACM Neto (PFL-BA) insistia em um bordão: "É preciso acabar com o nepotismo e com o "nepetismo'". Os petistas não acharam graça, mas não contiveram a risada com a piada do tucano Zenaldo Coutinho (PA): "Um amigo estava procurando uma namorada e disse que a única exigência era que fosse petista. Questionado sobre o estranho requisito, disse: "Já vem empregada!'".
O bom humor não se estendeu, porém, ao arroubo do deputado Jair Bolsonaro (PFL-RJ), que classificou o debate de "demagogia", "palhaçada" e "hipocrisia". Ele, que já empregou filho e mulher no gabinete, defendeu a contratação de parentes que não são "jumentos".
"Eu não estou preocupado porque meu filho não é um imbecil e minha mulher não é uma jumenta", disse. Não se deixou interromper pela Mesa para não "broxar" diante da imprensa. "E as amantes? Vão ficar de fora da proposta? Todo mundo sabe que tá cheio de amante do Executivo aqui. Se o bicho pegar, eu vou começar a falar", debochou.
Questionado sobre a brecha para amantes, Professor Luizinho disse não saber de nenhum caso e foi logo mostrando a foto da mulher e dos filhos na tela do telefone celular.
Em época de eleição de novo papa, sobrou farpa até para os cardeais católicos. O relator Sérgio Miranda encerrou o debate lembrando a origem da palavra nepotismo: nepote, referente a sobrinho ou neto.
"Vem da prática de alguns cardeais de levar ao Vaticano seus sobrinhos, que, na verdade, eram um pouco mais próximos que sobrinhos", brincou, provocando risos. (LEILA SUWWAN)


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