São Paulo, quinta-feira, 14 de abril de 2005

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VISITA À ÁFRICA

Governo respondeu à idéia de que idas ao continente fracassam; para presidente, é preciso "adubar" política externa

Lula rebate críticas; viagem provoca "inquietação"

Sergio Lima/Folha Imagem
Ao lado do presidente do Senegal, Lula desfila em carro aberto e acena para a multidão, em Dakar


EDUARDO SCOLESE
ENVIADO ESPECIAL A ACRA E BISSAU

O Palácio do Planalto e o Itamaraty rebateram ontem a análise de que fracassaram as tentativas de negociações comerciais previstas na visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a países africanos. Para Lula, suas idas à África (conclui hoje sua quarta viagem) têm provocado inquietações no Brasil.
"Muitas vezes, quando viajamos a um país da África, as pessoas no Brasil ficam inquietas, querendo saber o que vendemos ou o que compramos", disse o presidente, durante lançamento da Câmara de Comércio Brasil-Gana, em Acra (capital de Gana).
A polêmica sobre os acordos comerciais da viagem a países africanos (Camarões, Nigéria, Gana, Guiné-Bissau e Senegal) surgiu com declarações desanimadas de Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento), que anteontem deixou a comitiva para cumprir agenda na Espanha. Em Camarões e, depois, na Nigéria, Furlan se disse decepcionado com o baixo número de empresários que integram a delegação presidencial.
Ontem pela manhã, após conversar com Celso Amorim (Relações Exteriores), Lula improvisou em discurso para defender sua política de viagens. "Política de comércio exterior é como se estivéssemos plantando uma árvore. Primeiro aramos a terra, colocamos a semente e precisamos adubar sistematicamente para, depois, sentarmos à sombra da árvore e degustarmos os frutos."
À tarde, em Bissau (capital de Guiné-Bissau), Amorim procurou a imprensa para fortalecer a visão de Lula e negar qualquer atrito com Furlan. "Acho que os comentários [do Furlan] estão ligados a uma situação específica, às irritações criadas pelo protocolo. Isso acontece."
Na segunda, em Abuja (Nigéria), ministros passaram por várias barreiras de segurança antes de chegar à sala de reuniões e não puderam conversar com nigerianos sem a presença do presidente do país, Olusegun Obasanjo.
Para Amorim, os resultados de viagens ao exterior não podem ser medidos na hora da visita. E prosseguiu, falando sobre a viagem: "Poderia ter sido mais bem organizada? Olha, talvez pudesse".

Celebridade
Em sua última parada, Lula viu ontem uma multidão de senegaleses sair às ruas de Dacar (capital do país) para acompanhar a passagem do comboio que o levou ao palácio presidencial. Em trechos do percurso, o comboio teve de parar devido ao número de pessoas nas ruas. O carro que levava os presidentes foi cercado por populares. Alguns carregavam bandeiras do Brasil e fotos de Lula.
Lula e a comitiva passaram por uma maratona. Pela manhã, o presidente discursou em Acra. Em seguida, cumpriu agenda em Bissau. E, no fim da tarde, chegou a Dacar, onde jantou com o presidente Abdoulaye Wade.


Por falta de opções de vôos em rotas comerciais, os repórteres Eduardo Scolese e Sérgio Lima fazem o trajeto interno na África numa aeronave da Força Aérea Brasileira

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