São Paulo, sexta-feira, 14 de abril de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Petista reduz denúncias de corrupção a "debate político acalorado" e diz que não dá para convencer corintiano a torcer por Palmeiras

Para Lula, crise é como rixa entre torcedores

Bruno Miranda/Folha Imagem
Lula conversa com operários da Companhia Brasileira de Alumínio, no município de Alumínio (SP)


ROGÉRIO PAGNAN
DO ENVIADO ESPECIAL A SALTO

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recorreu ontem às comparações futebolísticas para amenizar as denúncias de corrupção em seu governo. Para ele, a crise é resultado de "debates políticos acalorados" normais, assim como ocorre entre torcedores do Corinthians e do Palmeiras. Lula é corintiano.
"Política é assim, igual futebol. Duvido que a gente convença um corintiano a torcer para um palmeirense. Duvido. E duvido que a gente convença um palmeirense a torcer pelo Corinthians. Duvido", disse o petista em Salto (SP).
Em seu discurso para cerca de 800 pessoas, Lula voltou a comparar seu governo com os de seus antecessores, fazendo críticas diretas e indiretas a Fernando Henrique e ao tucanato, relembrando sua vitória sobre José Serra, hoje candidato do PSDB ao governo paulista. "Nós derrotamos em 2002 aqueles que governaram o Brasil desde que Cabral descobriu o Brasil. Se você pegar a árvore genealógica, você vai perceber que á quase tudo a mesma coisa. Nós somos a diferença", afirmou.
Lula disse já ter passado por momentos difíceis e sugeriu que irá superar a crise e vencer as eleições: "Eles não sabem que antes de chegar lá eu apanhei muito e aprendi, como dirigente sindical, como se faz as coisas. Portanto, nós vamos enfrentar com a mesma sobriedade que enfrentamos momentos mais difíceis. E, se Deus quiser, vocês vão ver no fim do ano o que vai acontecer".
Ao anunciar investimentos na área de educação, Lula voltou a usar a Febem para alfinetar Geraldo Alckmin, do PSDB. Os problemas nas unidades de internação são um dos pontos fracos do tucano. "O dinheiro que a gente não pôr na educação agora, a gente vai gastar -aí sim é gasto- criando cadeia, Febem, um monte de coisa, contratando policial", disse.
O senador Aloizio Mercadante, preferido de Lula para disputar o governo estadual pelo PT, acompanhou Lula. Em Alumínio (SP), Lula visitou a Companhia Brasileira de Alumínio e reuniu-se com Antônio Ermírio de Moraes.
Em Sorocaba, Lula atacou a oposição criticando "os que trabalham para que as coisas não aconteçam" e, sem citar nomes, afirmou que o crescimento econômico em seu governo deixa seus opositores "muito nervosos". Ele participou da inauguração da pedra fundamental do novo campus da Universidade Federal de São Carlos e alfinetou FHC: "Este país poderia estar mais evoluído se os governantes que vieram antes de mim tivessem pensado na formação do povo".

Impeachment
O impeachment de Lula será discutido na segunda-feira, em Brasília, pela Executiva do PPS, que deverá aprovar a tese do afastamento: "A denúncia do Ministério Público, uma entidade insuspeita, de que há uma quadrilha com 40 criminosos levanta uma questão óbvia: está faltando alguém nessa lista", disse o presidente do PPS, Roberto Freire, sobre Lula. Freire é pré-candidato do PPS à Presidência, mas tem apenas 1% das intenções de voto.


Colaboraram a Agência Folha, em Sorocaba, e a Sucursal de Brasília


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