São Paulo, sábado, 14 de abril de 2007

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Prefeitos têm opiniões divergentes sobre mudança na regra eleitoral

DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA

A proposta de fim da reeleição, com ampliação dos mandatos de quatro para cinco anos, é assunto controverso para prefeitos das capitais brasileiras. Enquanto Cesar Maia (DEM, ex-PFL), do Rio e Fernando Pimentel (PT), de Belo Horizonte, por exemplo, se manifestam contra, outros, como Beto Richa (PSDB), de Curitiba, defendem a aprovação.
Para Pimentel, a reeleição é um instrumento de estabilidade política. Segundo ele, é necessário apenas corrigir distorções, como a permanência do candidato no cargo. "Posso ter críticas ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Mas sua reeleição garantiu a estabilidade econômica", justificou.
Essa também é a opinião expressa pela Associação Brasileira de Municípios: de reeleição com ajustes no modelo.
Maia, por sua vez, afirma discordar da proposta, "porque se dá como meio artificial de se resolver dois imbróglios internos no PSDB e PT para 2010, completamente desarticulada de reforma política". "Estranho o PSDB, que se diz parlamentarista, defender essa tese. Na verdade, se trata da disjuntiva da República velha: a política café-com-leite, só que agora interna ao PSDB", criticou.
Cauteloso, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), sugere que a discussão seja dentro da reforma política.
Richa, por sua vez, diz que a instituição de um mandato único de cinco anos seria ideal para o sistema político. "Antes eu apoiava a reeleição. Mas, na maioria dos casos, provou não ser boa porque acaba gerando desgastes ao próprio governante. Muitos acabam fazendo acordos escusos, utilizando exageradamente a máquina, fazendo composições e loteando o segundo governo", disse ele, defendendo eleições únicas.
Segundo ele, da forma como é feito hoje, o processo eleitoral paralisa a administração pública a cada dois anos.
A mesma opinião é compartilhada pelos prefeitos de Campo Grande, Nelson Trad Filho (PMDB), e de Manaus, Serafim Fernandes Corrêa (PSB).
Para Trad Filho, uma eleição geral seria mais racional, econômica e possibilitaria uma discussão única de projetos.
"No ano passado, uma série de projetos nossos encaminhados a Brasília ficou parada em razão da legislação eleitoral, que prejudica os municípios."
Para o presidente da Confederação Nacional dos Municípios, Paulo Ziulkoski, o mais importante é a coincidência das eleições numa única data. Ziulkoski afirma que, na sua opinião, o modelo atual é melhor do que um único mandato.


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