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JANIO DE FREITAS
O tiro e a vítima
A primeira inovação propalada pelo ministro José Serra,
em relação ao Ministério da
Saúde do seu antecessor, parece ter sucumbido ao primeiro
tiro, disparado há seis dias e
ainda sem a explicação ministerial, que se continuará esperando.
Não mais haveria nomeações políticas na Saúde, mas,
acenando uma bandeira
branca para o PFL, Serra se
dispôs a manter os afilhados
políticos nos seus postos
atuais, a menos que o mal uso
dos recursos públicos exigisse
a demissão. Não era o profissionalismo de Adib Jatene
nem as portas escancaradas
por Carlos Albuquerque e seu
executivo, Barjas Negri.
Apontado no Ministério da
Saúde como responsável por
irregularidades grossas na
Fundação Nacional de Saúde,
o coordenador foi substituído
na quarta-feira por Amiraldo
Pinheiro. Um recordista internacional, esse Amiraldo, que
não pôde ficar nem meio dia
no cargo. Cometeu o erro, que
até há poucos anos seria o melhor acerto, de divulgar, como
sua primeira providência, o
pedido de autorização do ministério para investigar as
contas da FNS no Pará.
O suspeito demitido não é
livre-atirador. Sua nomeação
figura na conta do deputado
Raimundo Santos, que não é
só do grupo governista na Câmara: é do PFL. E tratou de
usar esse cacife tão logo soube
dos propósitos investigatórios
na FNS-PA, tida, no Pará, como entidade muito útil para o
grupo de políticos locais liderados pelo deputado.
O presente
A provável adoção do teto
de R$ 12.720 para os ministros do Supremo Tribunal Federal, com o consequente aumento em cascata para os juízes das demais instâncias federais, é de responsabilidade
do governo, e não dos magistrados.
Os governistas da Câmara
foram autorizados por Fernando Henrique a fixar em
R$ 10 mil o teto dos servidores
públicos, o que já acarretaria
aumento de gastos, inclusive
com a Câmara e o Senado.
Informado por Sepúlveda
Pertence, então presidente do
Supremo, de que entre seus
colegas já havia quem ganhasse R$ 12.720, Fernando
Henrique preferiu que o projeto de reforma administrativa elevasse o teto para esse
valor, em vez de ressalvar, no
texto, as exceções já existentes
no Supremo.
O pretexto foi o de que outros ministros requereriam
igualdade de tratamento.
Mas a diferença já existia e
nunca houve o recurso, porque os adicionais de uns não
se estendiam a outros.
O aumento do teto, com o
ônus caindo sobre o Judiciário, foi pedido a Fernando
Henrique por alguns ministros do Supremo, mas, nas negociações com parlamentares,
entrou, mesmo, foi como
atendimento a eles.
O fiel
Situação interessante é a do
senador José Roberto Arruda.
Com a eleição de Fernando
Henrique, converteu-se depressa ao PSDB e, mostrando
inigualável flexibilidade para
justificar tudo o que aparenta
interessar ao Planalto, tornou-se líder do governo no
Senado.
Pretendente ao governo do
Distrito Federal, planeja
apresentar-se como candidato de Fernando Henrique.
Mas a análise eleitoral feita
no Planalto e, sobretudo, no
Alvorada é um pouco diferente.
Serviços à parte, por mais
desgastantes que tenham sido, Arruda é visto apenas como candidato que precisa do
apoio de Fernando Henrique
para ter votos suficientes, ao
passo que o adversário de Arruda, Joaquim Roriz, é visto
como capaz de apoiar Fernando Henrique com os votos
de que ambos necessitam no
DF.
Serviu, servil.
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