São Paulo, terça, 14 de abril de 1998

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NO AR
"Star system"

NELSON DE SÁ
da Reportagem Local

A política, com toda a parafernália de ensaios etc., adotou o "star system". Que a domina cada vez mais, a cada eleição.
As frases são de um livro de três décadas atrás, "A Imagem", escrito sob o primeiro impacto da televisão na política americana.
Descrevem o que se vê na televisão brasileira, diariamente -com as décadas costumeiras de atraso.
Assim, Marta Suplicy, pré-candidata ao governo de São Paulo, surge na Globo, no SPTV. O apresentador justifica e abre o diálogo:
- Ela é mãe de roqueiro e hoje é dia de Stones.
- E eu vou ao show! Pra ver o Bob Dylan cantar junto com os Rolling Stones, que é um coisa histórica.
Mais à frente, novamente a candidata-fã:
- (O Supla) já mandou o fotógrafo do Bob Dylan, deles todos, se hospedar em casa. Eu vou com eles, eu acho até que no "backstage".
Questões políticas, administrativas, só de passagem. Mais à frente, ela de novo:
- Ah, o Bob Dylan, pra mim, é um ídolo.
Não está equivocada, a candidata petista. É assim que se faz campanha -e se vence- no "star system".
Que o diga Paulo Maluf. Definiu Celso Pitta para herdeiro com pesquisas qualitativas, a versão eleitoral dos testes de público do cinema.
Depois deu texto, ensaios, um bom diretor.
E vem aí Oscar Schmidt. O jogador foi secretário e agora deve ser candidato a senador ou, no mínimo, puxador de votos na chapa malufista de deputados federais.
De uma hora para outra, o jogador somou 40 mil pontos no basquete, não sai dos intervalos (vende televisores, revigorantes, tudo) e entrevistas (ontem estava em programa evangélico).
Uma estrela, um ídolo do basquete, dos comerciais -e agora da política.

E-mail: nelsonsa@uol.com.br



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