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Governadores criticam
negociação de cargos
DA AGÊNCIA FOLHA
Dois governadores do PMDB,
Germano Rigotto (RS) e Luiz Henrique da Silveira (SC), criticaram
ontem a entrada do partido na base do governo no Congresso em
troca de cargos na administração
de Luiz Inácio Lula da Silva.
"As negociações que estão sendo encaminhadas pelas lideranças do partido, pedindo cargos
em troca do apoio, são deploráveis", disse Luiz Henrique. "A
participação em cargos traria a
velha história do clientelismo, o
que seria ruim para o partido e
para o governo", afirmou Rigotto.
Segundo o governador de Santa
Catarina, os governadores do
PMDB teriam sugerido às bancadas do partido na Câmara e no Senado total apoio às reformas e ao
governo federal, "sem qualquer
reivindicação de cargos".
No PMDB gaúcho, o senador
Pedro Simon defende o apoio ao
governo Lula, enquanto o deputado federal Eliseu Padilha, ex-ministro dos Transportes no governo FHC, prega a oposição frontal.
"O PMDB gaúcho tem mais razão do que o PMDB nacional para
não aderir. Sempre fomos adversários no Estado. Aderirmos ao
governo é como nos abstermos
das eleições de 2004 e 2006", diz
Padilha, defendendo a permanência do partido na oposição.
Um dos governadores que mais
apoio têm dado a Lula na tramitação das reformas previdenciária e
tributária, Rigotto ressalvou que o
PMDB tem de dar sustentação e
garantir a governabilidade no plano federal. "O PMDB deve apoiar
a política econômica e as reformas estruturais sem ter cargos do
governo", afirmou Rigotto.
Luiz Henrique concorda com o
governador gaúcho: "Temos que
arrancar as muletas que impedem
o Brasil de avançar para o desenvolvimento. Esse apoio do PMDB
deve ser um apoio patriótico".
Não faltam motivos para Rigotto apoiar Lula e, ao mesmo tempo, evitar uma aproximação excessiva com o PT. A favor do
apoio contam o discurso "paz e
amor" que, a exemplo de Lula, ele
implementou desde sua campanha para o governo, em 2002, a
necessidade de uma boa relação
com o governo federal e o fato de
ele próprio ter sido um dos principais entendidos e defensores das
reformas no Congresso. Contra a
aproximação, pesa a forte rivalidade entre PMDB e PT no Estado.
O deputado federal Cezar Schirmer, presidente estadual do
PMDB, dá o que poderia ser a posição oficial do diretório gaúcho.
"O PT tenta fazer uma cooptação
de pessoas e setores do PMDB. O
fórum partidário não foi consultado. Essa aproximação nos surpreende", afirma.
(LÉO GERCHMANN e TIAGO ORNAGHI)
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