São Paulo, sábado, 14 de maio de 2005

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DEFESA

Presidente afirma a representantes das Forças Armadas que governo não tem condições de aumentar soldos agora

Lula diz a militares que não haverá reajuste

EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem a representantes das Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica) que o governo não tem condições de cumprir, neste momento, a promessa de pagar uma segunda parcela de reajuste aos militares.
No ano passado, após uma série de protestos encabeçados por mulheres de militares, o governo se comprometeu a reajustar o salário dos integrantes das Forças Armadas em duas parcelas. Como 10% foram antecipados a partir de setembro passado, o restante (20%, mais inflação) ficou para o primeiro trimestre de 2005.
Ontem, em reunião de três horas e meia no Planalto, Lula disse aos militares que o governo somente poderá reajustar os salários no momento em que tiver condições. "Vamos esperar as condições da economia melhorar", teria dito Lula aos militares, segundo a Folha apurou. No ano passado, por conta das negociações, comandantes das Forças ficaram em permanente clima de tensão com o Planalto.
Na reunião de ontem, além de Lula, estavam o ministro Antonio Palocci (Fazenda) e o vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, além do comandante do Exército, general Francisco Roberto de Albuquerque, o tenente-brigadeiro-ar Astor Nina de Carvalho Netto, Chefe do Estado-Maior da Aeronáutica, e o almirante Newton Cardoso, vice-chefe do Estado-Maior da Armada.
Ontem, para justificar a falta de recursos e a negativa à segunda parcela aos militares, o presidente citou o veto que foi obrigado a assinar nas propostas de reajustes dos servidores da Câmara, do Senado e do TCU (Tribunal de Contas da União). O Planalto justificou o veto ao Congresso como uma forma de evitar que servidores do Executivo e do Judiciário cobrassem o mesmo, inclusive com ações na Justiça.

Mulheres protestam
Neste ano, por conta da promessa de reajuste, mulheres de militares têm realizado manifestações em diferentes eventos públicos. Em menos de um mês, por exemplo, tentaram exibir faixas ao presidente Lula durante evento de comemoração dos 357 anos do Exército, bloquearam uma avenida em frente ao Palácio do Planalto e promoveram apitaços próximo ao Itamaraty. Há duas semanas, cerca de 50 delas (todas vestidas de preto) estão acampadas em frente ao Congresso.
No encontro de ontem, foram tratados também de liberação de recursos para a reestruturação das Forças Armadas e a conclusão de missões já autorizadas pelo país. Falta verba para enviar soldados ao interior do país.
Apesar da promessa feita no ano passado, via Ministério da Defesa, o Orçamento de 2005 foi fechado sem nenhuma previsão de reajuste para a categoria. No foco dos militares, os ministérios da Fazenda e do Planejamento alegam que não foram informados do suposto compromisso do governo.
Neste ano, somente os 10% pagos em setembro do ano passado (a chamada primeira parcela) representaram um impacto de R$ 750 milhões na folha de pagamento de 2004 e de R$ 2,2 bilhões na de 2005. Atualmente, um recruta do Exército recebe cerca de R$ 170, um pouco acima da metade do salário mínimo (R$ 300). Já um general, cerca de R$ 10,5 mil. O último reajuste dos militares ocorreu em 2001 e 2002, quando tiveram, em média, um aumento de 28,23%. À época, porém, cresceram os descontos de pensão militar e de assistência médica.


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