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DEFESA
Presidente afirma a representantes das Forças Armadas que governo não tem condições de aumentar soldos agora
Lula diz a militares que não haverá reajuste
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva disse ontem a representantes das Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica) que
o governo não tem condições de
cumprir, neste momento, a promessa de pagar uma segunda parcela de reajuste aos militares.
No ano passado, após uma série
de protestos encabeçados por
mulheres de militares, o governo
se comprometeu a reajustar o salário dos integrantes das Forças
Armadas em duas parcelas. Como 10% foram antecipados a partir de setembro passado, o restante (20%, mais inflação) ficou para
o primeiro trimestre de 2005.
Ontem, em reunião de três horas e meia no Planalto, Lula disse
aos militares que o governo somente poderá reajustar os salários no momento em que tiver
condições. "Vamos esperar as
condições da economia melhorar", teria dito Lula aos militares,
segundo a Folha apurou. No ano
passado, por conta das negociações, comandantes das Forças ficaram em permanente clima de
tensão com o Planalto.
Na reunião de ontem, além de
Lula, estavam o ministro Antonio
Palocci (Fazenda) e o vice-presidente e ministro da Defesa, José
Alencar, além do comandante do
Exército, general Francisco Roberto de Albuquerque, o tenente-brigadeiro-ar Astor Nina de Carvalho Netto, Chefe do Estado-Maior da Aeronáutica, e o almirante Newton Cardoso, vice-chefe
do Estado-Maior da Armada.
Ontem, para justificar a falta de
recursos e a negativa à segunda
parcela aos militares, o presidente
citou o veto que foi obrigado a assinar nas propostas de reajustes
dos servidores da Câmara, do Senado e do TCU (Tribunal de Contas da União). O Planalto justificou o veto ao Congresso como
uma forma de evitar que servidores do Executivo e do Judiciário
cobrassem o mesmo, inclusive
com ações na Justiça.
Mulheres protestam
Neste ano, por conta da promessa de reajuste, mulheres de
militares têm realizado manifestações em diferentes eventos públicos. Em menos de um mês, por
exemplo, tentaram exibir faixas
ao presidente Lula durante evento
de comemoração dos 357 anos do
Exército, bloquearam uma avenida em frente ao Palácio do Planalto e promoveram apitaços próximo ao Itamaraty. Há duas semanas, cerca de 50 delas (todas vestidas de preto) estão acampadas em
frente ao Congresso.
No encontro de ontem, foram
tratados também de liberação de
recursos para a reestruturação
das Forças Armadas e a conclusão
de missões já autorizadas pelo
país. Falta verba para enviar soldados ao interior do país.
Apesar da promessa feita no
ano passado, via Ministério da
Defesa, o Orçamento de 2005 foi
fechado sem nenhuma previsão
de reajuste para a categoria. No
foco dos militares, os ministérios
da Fazenda e do Planejamento
alegam que não foram informados do suposto compromisso do
governo.
Neste ano, somente os 10% pagos em setembro do ano passado
(a chamada primeira parcela) representaram um impacto de R$
750 milhões na folha de pagamento de 2004 e de R$ 2,2 bilhões na
de 2005. Atualmente, um recruta
do Exército recebe cerca de R$
170, um pouco acima da metade
do salário mínimo (R$ 300). Já
um general, cerca de R$ 10,5 mil.
O último reajuste dos militares
ocorreu em 2001 e 2002, quando
tiveram, em média, um aumento
de 28,23%. À época, porém, cresceram os descontos de pensão
militar e de assistência médica.
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