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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Filiado ao PSB, ex-ministro da Integração Nacional assume o
favoritismo diante da impossibilidade de o PT ter Nelson Jobim
Sem PMDB, Ciro é o mais cotado para ser o vice de Lula
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ex-ministro da Integração
Nacional e ex-candidato à Presidência em 1998 e 2002, Ciro Gomes, do PSB, é o mais cotado para
ser o companheiro de chapa da
candidatura à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Dificilmente o atual vice-presidente, José Alencar (PRB), repetirá a chapa vitoriosa de 2002.
Lula disse nos últimos dias a
aliados políticos e a dirigentes do
PT que se preparassem para a formalização de uma aliança com o
tradicional parceiro PSB. Incluiu
na conversa a formação da chapa
tendo Ciro como vice.
Entre as qualidades do ex-ministro para a campanha, o presidente e seu grupo destacam a capacidade de polemizar e de responder à altura a prováveis críticas. Isso facilitaria o caminho para Lula reviver a versão "paz e
amor", associada à imagem de
"pai dos pobres", que o PT passou
a contrabandear do getulismo.
Arestas
A eventual confirmação de Ciro
deverá gerar arestas no PT. Como
vice de Lula, se o presidente for
reeleito, Ciro passa a integrar a lista de nomes mais cotados para a
sucessão de 2010. Lula elogia a
lealdade de Ciro e já aventou a
possibilidade de uma fusão no futuro entre PT e PSB.
Enquanto esteve no cargo, o ex-ministro surpreendeu muitos
atores políticos, inclusive aliados,
que não acreditavam na sua capacidade de manter-se longe das polêmicas, preservando-se em silêncio metódico diante da mídia.
Além de Ciro, que pode se firmar como o sucessor não-petista
de Lula, outros nomes hoje aparecem como "herdeiros" de um PT
pós-Lula: o líder do governo no
Senado, Aloizio Mercadante (SP),
o ministro Tarso Genro (Relações
Institucionais), a ex-prefeita Marta Suplicy, caso recupere sua carreira política, e a ministra da Casa
Civil, Dilma Rouseff. Uma aposta
"mais futura", dizem dirigentes
do PT, é o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel.
Sonho desfeito
Segundo a Folha apurou, o vice
"dos sonhos de Lula", nas palavras de um auxiliar direto, seria o
ex-presidente do STF (Supremo
Tribunal Federal) Nelson Jobim.
A opção Jobim, porém, tomou
uma ducha de água fria na última
quarta-feira, durante almoço de
Lula com o presidente do Senado,
Renan Calheiros (PMDB-AL), o
presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), e o ministro
Márcio Thomaz Bastos (Justiça).
Um dos expoentes da ala governista do PMDB, Renan deu a Lula
uma notícia boa e outra ruim. A
boa, na ótica do presidente, era
que o PMDB não deveria ter candidato próprio ao Palácio do Planalto, conforme convenção que se
realizaria ontem. Isso ajuda o presidente a polarizar com o PSDB
de Geraldo Alckmin logo no começo da campanha e pode permitir que a eleição seja decidida logo
no primeiro turno.
Sem o PMDB
A notícia ruim levada por Renan foi o preço de o partido não
ter candidato próprio, sepultando
de vez as pretensões de Anthony
Garotinho: o PMDB não se aliaria
a Lula nem a Alckmin. Ficaria livre para compor nos Estados segundo seus próprios interesses.
Como a chamada verticalização
restringe a liberdade de alianças
se houver candidato próprio a
presidente ou aliança nacional, a
maioria do PMDB prefere ficar
fora dessa disputa.
Sem aliança formal com o
PMDB, Lula não poderá contar
com Jobim. Gaúcho, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal reforçaria Lula na região Sul,
onde o presidente tem menos votos do que no Nordeste. Jobim foi
indicado ao STF por Fernando
Henrique Cardoso, mas se aproximou de Lula desde que o petista
chegou ao Planalto.
Alencar e Minas
A cúpula do PT diz desejar que o
atual vice-presidente, José Alencar (PRB), concorra ao Senado
por Minas Gerais com o apoio do
partido.
Lula incentiva a articulação.
Gosta pessoalmente de Alencar,
mas a relação entre os dois, com
as inúmeras críticas do vice à política econômica, geraram muito
desgaste político.
Lula avalia ainda que, do ponto
de vista eleitoral, Alencar acrescentará pouco -ao contrário de
1998, quando a figura de grande
empresário ajudou o PT a dissipar temores do mercado. Alencar
também trocou o PL pelo pequeno PRB, partido que conta com
ele e o senador Marcelo Crivella
(RJ) como estrelas. O PRB (Partido Republicano Brasileiro) tem
forte presença de evangélicos que
ingressaram no PL antes do escândalo do mensalão.
Em Minas, segundo colégio eleitoral do país, Lula aparece bem
nas pesquisas. Tem boas relações
com o atual governador de Minas,
Aécio Neves (PSDB), favorito à
reeleição. E também conta com a
simpatia do ex-presidente e ex-governador de Minas Itamar
Franco (PMDB).
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