São Paulo, domingo, 14 de maio de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Para informatizar 17 farmácias populares, governo gasta quase 3 vezes o valor utilizado para equipar 212 laboratórios de computação

Rio injeta R$ 12,6 mi em projeto suspeito

RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

O governo de Rosinha Matheus (PMDB) no Estado do Rio gastou R$ 12,6 milhões em um projeto de informatização com indícios de superfaturamento. Para informatizar 17 farmácias populares, o Estado gastou quase três vezes o valor usado para equipar 212 laboratórios de computação de escolas.
O programa estadual da Farmácia Popular -que vende fraldas geriátricas e remédios a R$ 1 para idosos e deficientes físicos- gastou o dinheiro para montar sistema de informática em 17 das 19 unidades no Estado ano passado.
A média de gastos sob as rubricas de "projetos de informatização" e "implementação do sistema de informática" consumiram em média R$ 760 mil por farmácia. Cada possui de 6 a 12 computadores, como a Folha constatou ao visitar quatro das 19 unidades.
Para efeito de comparação, o governo investiu pouco mais de um terço gasto na Farmácia Popular, R$ 4,5 milhões, para inaugurar há dois meses 212 laboratórios de informática em escolas, no Programa de Informática aplicada à educação. Cada sala, com um professor, tem dez computadores com acesso a internet (total de 2.120) e uma impressora.
O Farmácia Popular -projeto do Instituto Vital Brazil, da Secretaria de Saúde- é um dos carros-chefes do governo Rosinha, mulher do pré-candidato à Presidência, Anthony Garotinho.
Os contratos, sem licitação, foram feitos pela Fesp (Fundação Escola de Serviço Público) com a ONG Idetec (Instituto de Desenvolvimento Tecnológico do Rio), entidade com endereço na cidade de Aperibé e que recebeu R$ 14,5 milhões da Fesp desde 2004, mostram dados do Siafem (Sistema de Administração Financeira para Estados e Municípios).

Funcionamento
O programa de informática é único e opera em rede, interligado com o sistema geral do Vital Brazil, cujo provedor fica em Niterói. Porque identifica o movimento diário, a contagem do estoque e falhas nas vendas, é conhecido como "sistema fofoqueiro". O leitor de código de barras para identificar o cartão do cliente cadastrado quase não é usado. "Preferimos digitar", diz um funcionário.
A mão-de-obra do programa é contratada pelo Inaap (Instituto Nacional de Aperfeiçoamento da Administração Pública), e funcionários são nomeados por influência política, como a Folha constatou, a partir de depoimentos.
O Inaap recebeu R$ 33,8 milhões do governo desde 2004 e tem como sócio Nildo Nogueira Raja, também dono da Emprin e da Inconsul -empresas que, juntas, doaram R$ 350 mil para a pré-campanha à Presidência de Anthony Garotinho.
Os salários dos funcionários da Farmácia Popular variam de R$ 340 a R$ 700. A média é em torno de R$ 450, mais vale-refeição e vale-transporte. Em 2005, o Inaap ganhou R$ 18 milhões do Estado. É uma das 12 entidades suspeitas de integrar rede de aliados de Garotinho que movimentou, por empresas de fachada, ao menos R$ 242,8 milhões em contratos com o governo do Rio.


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