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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Para informatizar 17 farmácias populares, governo gasta quase 3 vezes o valor utilizado para equipar 212 laboratórios de computação
Rio injeta R$ 12,6 mi em projeto suspeito
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
O governo de Rosinha Matheus
(PMDB) no Estado do Rio gastou
R$ 12,6 milhões em um projeto de
informatização com indícios de
superfaturamento. Para informatizar 17 farmácias populares, o Estado gastou quase três vezes o valor usado para equipar 212 laboratórios de computação de escolas.
O programa estadual da Farmácia Popular -que vende fraldas
geriátricas e remédios a R$ 1 para
idosos e deficientes físicos- gastou o dinheiro para montar sistema de informática em 17 das 19
unidades no Estado ano passado.
A média de gastos sob as rubricas de "projetos de informatização" e "implementação do sistema de informática" consumiram
em média R$ 760 mil por farmácia. Cada possui de 6 a 12 computadores, como a Folha constatou
ao visitar quatro das 19 unidades.
Para efeito de comparação, o
governo investiu pouco mais de
um terço gasto na Farmácia Popular, R$ 4,5 milhões, para inaugurar há dois meses 212 laboratórios de informática em escolas, no
Programa de Informática aplicada à educação. Cada sala, com um
professor, tem dez computadores
com acesso a internet (total de
2.120) e uma impressora.
O Farmácia Popular -projeto
do Instituto Vital Brazil, da Secretaria de Saúde- é um dos carros-chefes do governo Rosinha, mulher do pré-candidato à Presidência, Anthony Garotinho.
Os contratos, sem licitação, foram feitos pela Fesp (Fundação
Escola de Serviço Público) com a
ONG Idetec (Instituto de Desenvolvimento Tecnológico do Rio),
entidade com endereço na cidade
de Aperibé e que recebeu R$ 14,5
milhões da Fesp desde 2004, mostram dados do Siafem (Sistema de
Administração Financeira para
Estados e Municípios).
Funcionamento
O programa de informática é
único e opera em rede, interligado
com o sistema geral do Vital Brazil, cujo provedor fica em Niterói.
Porque identifica o movimento
diário, a contagem do estoque e
falhas nas vendas, é conhecido como "sistema fofoqueiro". O leitor
de código de barras para identificar o cartão do cliente cadastrado
quase não é usado. "Preferimos
digitar", diz um funcionário.
A mão-de-obra do programa é
contratada pelo Inaap (Instituto
Nacional de Aperfeiçoamento da
Administração Pública), e funcionários são nomeados por influência política, como a Folha constatou, a partir de depoimentos.
O Inaap recebeu R$ 33,8 milhões do governo desde 2004 e
tem como sócio Nildo Nogueira
Raja, também dono da Emprin e
da Inconsul -empresas que, juntas, doaram R$ 350 mil para a pré-campanha à Presidência de Anthony Garotinho.
Os salários dos funcionários da
Farmácia Popular variam de
R$ 340 a R$ 700. A média é em
torno de R$ 450, mais vale-refeição e vale-transporte. Em 2005, o
Inaap ganhou R$ 18 milhões do
Estado. É uma das 12 entidades
suspeitas de integrar rede de aliados de Garotinho que movimentou, por empresas de fachada, ao
menos R$ 242,8 milhões em contratos com o governo do Rio.
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