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Bancada ruralista festeja saída de Marina do cargo
Parlamentares criticam "atitude ideológica" e "preconceito" contra agronegócio
Para sindicatos, a petista vinha prejudicando imagem do país no exterior; Marina
recebe elogio, no entanto,
do ministro da Agricultura
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
Adversários de Marina Silva
em questões como o uso de
transgênicos e pecuária extensiva, integrantes da bancada
ruralista no Congresso criticaram a atuação da ministra no
Meio Ambiente. Mas ela também recebeu elogios no Senado
de governistas e da oposição.
Vice-presidente da CNA
(Confederação Nacional de
Agricultura) e produtora agrícola, a senadora Kátia Abreu
(DEM-TO) reconheceu a importância política de Marina,
mas criticou sua atitude ideológica frente à pasta.
"Sem demagogia, eu tenho
admiração pela história e a vida
da ministra. Só que ela tem um
componente ideológico fortíssimo que atrapalha o Brasil a
crescer", afirmou ela. "Quando
se exagera no protecionismo
você incentiva o crime. Quanto
mais punitivo, mais você empurra a pessoa para o crime."
Ronaldo Caiado (DEM-GO),
um dos líderes da bancada ruralista na Câmara, lembrou que
Marina dificultou os avanços
na área tecnológica. "Os problemas que ela criou o próprio
governo é que tem de explicar."
Caiado, contudo, disse que
preferiria "não crucificá-la".
"Afinal, ela não tomou as decisões sozinha. Sempre teve o
apoio do presidente", disse.
"Até tenho muito respeito por
ela. É uma das poucas pessoas
no governo que têm posição."
O presidente da Comissão de
Agricultura da Câmara, Onyx
Lorenzoni (DEM-RS), afirmou
que a gestão da ministra representou um atraso para o país e
que ela demorou para deixar o
cargo. "A saída dela pode fazer
com que o bom senso seja retomado nas questões ambientais.
Havia uma carga ideológica
muito forte, um preconceito
contra o agronegócio." "Ela
atrasou muito o Brasil com a irracionalidade no trato de questões como os transgênicos."
Para o deputado Marcos
Montes (DEM-MG), Marina
"tem uma atitude extremamente pontuada na defesa do
meio ambiente, mas desconectada do processo produtivo do
mundo inteiro". "Acho que ela
exagerou nas medidas que tomou. A saída foi muito boa, Lula marcou mais um gol."
Elogios
No Senado, porém, integrantes da oposição e do governo lamentaram a saída da ministra.
"É uma perda muito grande. O
governo precisa escolher muito
bem quem vai substituí-la para
não colocar em jogo a soberania da Amazônia", disse o líder
do PSDB, Arthur Virgílio (AM).
"É lamentável, porque ela é
uma voz muito forte nos fóruns
internacionais", disse o líder do
PSB, Renato Casagrande (ES).
A líder do PT, Ideli Salvatti
(SC), afirmou que ela será recebida de "braços abertos", mas
disse "estar chateada" com a
saída de Sibá Machado (PT),
suplente de Marina no Senado.
"A senadora é hoje patrimônio da história do Acre e sai de
cabeça erguida", disse o senador petista Tião Viana (AC).
Segundo a assessoria do Ministério da Agricultura, o ministro Reinhold Stephanes "lamentou" a decisão de Marina.
"Stephanes fez questão de destacar o bom relacionamento
mantido entre ambos e reconheceu o papel significativo de
Marina Silva na defesa das causas ambientais do país."
Produtores
O presidente da Famato (que
representa agricultores e pecuaristas de MT), Rui Ottoni
Prado, disse esperar que "seja
indicado alguém com capacidade de discutir questão ambiental e desenvolvimento econômico de forma integrada".
O presidente da Associação
dos Produtores de Soja de MT,
Gláuber Silveira, chamou a saída de "providencial". "Ela vinha prejudicando a imagem do
Brasil no exterior, ao divulgar
dados errados sobre o desmatamento." O presidente do Sindicato das Indústrias Madeireiras do Norte, José Eduardo
Pinto, disse que a notícia traz
"esperança". O governador
Blairo Maggi (PR-MT), que defendeu o desmatamento legalizado para enfrentar a crise global de alimentos, não quis se
pronunciar.
(ADRIANO CEOLIN, ANDREZA MATAIS E RODRIGO VARGAS)
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