São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 2008

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Lula chama Jorge Viana para Meio Ambiente

Presidente e ex-governador devem conversar hoje cedo em Brasília; Carlos Minc, que viajou para Paris, é a segunda opção

Governo prefere Viana para amenizar impacto externo da saída de Marina Silva, mas presidente simpatiza com o estilo de Carlos Minc


KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

DA SUCURSAL DO RIO

Em telefonema ontem à noite, o presidente Lula disse ao ex-governador do Acre Jorge Viana que gostaria que ele assumisse o Meio Ambiente no lugar de Marina Silva, mas que desejava conversar pessoalmente com ele hoje de manhã para bater o martelo. Viana respondeu que viajaria hoje no primeiro avião para Brasília.
Na virada do primeiro para o segundo mandato, Lula quis trocar Marina por Viana, mas o ex-governador preferiu não substituí-la para não passar a idéia de traição. Na época, ele disse a Lula que só aceitaria a pasta na hipótese de Marina pedir para sair, o que ocorreu ontem. Viana e Marina fizeram carreira política juntos no Acre.
Petistas conversaram com Viana -que hoje ocupa o cargo de presidente do conselho da Helibras, que fabrica helicópteros- ontem à noite para convencê-lo de que o temor de traição a Marina não se justificava e que ele deveria aceitar o posto. Se Viana aceitar, ele será o novo ministro. Mas ele pretende obter uma espécie de aval de Marina para assumir o cargo.
Defensores de Viana dizem que sua nomeação amenizaria o efeito negativo na comunidade internacional da saída de Marina, já que ambos são amigos e do mesmo grupo político.
No entanto, se o petista hesitar, Lula deverá nomear a sua segunda opção: o secretário do Ambiente do Rio de Janeiro, Carlos Minc (PT). Ontem à tarde, Lula telefonou para o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), para sondá-lo sobre a possibilidade de convidar Minc para o Meio Ambiente. O governador disse que o liberaria.
Segundo um ministro, Lula gosta do estilo de Minc, que agiu com rapidez na concessão de licenças ambientais. Marina era criticada por Lula por uma suposta lentidão em liberar projetos de investimentos.
Em telefonema à tarde, Lula sondou o governador Sérgio Cabral (PMDB) sobre a indicação de Minc. Cabral disse a Lula que entenderia as razões do convite porque o definiu como uma "revelação". Lula e Minc não conversaram ontem. O secretário embarcou à noite para Paris. Chegará à capital francesa nesta manhã. Assessores de Minc informaram que ele teria embarcado antes do momento em que Lula ligou para Cabral. Então, só poderia vir a ser convidado ao chegar hoje a Paris.
Anteontem, em Itaguaí (RJ), Lula elogiou Minc: "Quero agradecer ao companheiro Minc, porque a questão ambiental é sempre uma questão muito polêmica. Eu me lembro da última reunião que eu tive. Tinha aqui nesta região uma mata nacional, que foi decretada por Getúlio Vargas. Era uma mata de eucalipto, mas era considerada de preservação nacional. E foi aí que entrou o companheiro Minc... O companheiro Minc, em tempo recorde, conseguiu encontrar a solução para que a gente viesse aqui hoje dizer para vocês: essa obra que está prometida há mais de 20 anos vai sair", concluiu Lula.
No início de sua atuação como secretário do Ambiente do Rio, Minc comandou um mutirão que liberou mais de uma centena de outorgas de uso de água para projetos industriais que estavam parados de empresas como AmBev e Vale. O governo federal ficou satisfeito com a rapidez do andamento do pedido de licenciamento do Complexo Petroquímico do Rio, que pode sair até outubro.
Fundador do PV, pelo qual se elegeu deputado estadual em 1986, filiou-se depois ao PT e foi reeleito em 1990, 1994, 1998 e 2002.


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