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Lula chama Jorge Viana para Meio Ambiente
Presidente e ex-governador devem conversar hoje cedo em Brasília; Carlos Minc, que viajou para Paris, é a segunda opção
Governo prefere Viana para amenizar impacto externo da saída de Marina Silva, mas presidente simpatiza com o estilo de Carlos Minc
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA SUCURSAL DO RIO
Em telefonema ontem à noite, o presidente Lula disse ao
ex-governador do Acre Jorge
Viana que gostaria que ele assumisse o Meio Ambiente no lugar de Marina Silva, mas que
desejava conversar pessoalmente com ele hoje de manhã
para bater o martelo. Viana respondeu que viajaria hoje no
primeiro avião para Brasília.
Na virada do primeiro para o
segundo mandato, Lula quis
trocar Marina por Viana, mas o
ex-governador preferiu não
substituí-la para não passar a
idéia de traição. Na época, ele
disse a Lula que só aceitaria a
pasta na hipótese de Marina
pedir para sair, o que ocorreu
ontem. Viana e Marina fizeram
carreira política juntos no Acre.
Petistas conversaram com
Viana -que hoje ocupa o cargo
de presidente do conselho da
Helibras, que fabrica helicópteros- ontem à noite para convencê-lo de que o temor de traição a Marina não se justificava
e que ele deveria aceitar o posto. Se Viana aceitar, ele será o
novo ministro. Mas ele pretende obter uma espécie de aval de
Marina para assumir o cargo.
Defensores de Viana dizem
que sua nomeação amenizaria
o efeito negativo na comunidade internacional da saída de
Marina, já que ambos são amigos e do mesmo grupo político.
No entanto, se o petista hesitar, Lula deverá nomear a sua
segunda opção: o secretário do
Ambiente do Rio de Janeiro,
Carlos Minc (PT). Ontem à tarde, Lula telefonou para o governador do Rio, Sérgio Cabral
(PMDB), para sondá-lo sobre a
possibilidade de convidar Minc
para o Meio Ambiente. O governador disse que o liberaria.
Segundo um ministro, Lula
gosta do estilo de Minc, que
agiu com rapidez na concessão
de licenças ambientais. Marina
era criticada por Lula por uma
suposta lentidão em liberar
projetos de investimentos.
Em telefonema à tarde, Lula
sondou o governador Sérgio
Cabral (PMDB) sobre a indicação de Minc. Cabral disse a Lula
que entenderia as razões do
convite porque o definiu como
uma "revelação". Lula e Minc
não conversaram ontem. O secretário embarcou à noite para
Paris. Chegará à capital francesa nesta manhã. Assessores de
Minc informaram que ele teria
embarcado antes do momento
em que Lula ligou para Cabral.
Então, só poderia vir a ser convidado ao chegar hoje a Paris.
Anteontem, em Itaguaí (RJ),
Lula elogiou Minc: "Quero
agradecer ao companheiro
Minc, porque a questão ambiental é sempre uma questão
muito polêmica. Eu me lembro
da última reunião que eu tive.
Tinha aqui nesta região uma
mata nacional, que foi decretada por Getúlio Vargas. Era uma
mata de eucalipto, mas era considerada de preservação nacional. E foi aí que entrou o companheiro Minc... O companheiro Minc, em tempo recorde,
conseguiu encontrar a solução
para que a gente viesse aqui hoje dizer para vocês: essa obra
que está prometida há mais de
20 anos vai sair", concluiu Lula.
No início de sua atuação como secretário do Ambiente do
Rio, Minc comandou um mutirão que liberou mais de uma
centena de outorgas de uso de
água para projetos industriais
que estavam parados de empresas como AmBev e Vale. O
governo federal ficou satisfeito
com a rapidez do andamento
do pedido de licenciamento do
Complexo Petroquímico do
Rio, que pode sair até outubro.
Fundador do PV, pelo qual se
elegeu deputado estadual em
1986, filiou-se depois ao PT e
foi reeleito em 1990, 1994, 1998
e 2002.
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