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outro lado
Acusados rechaçam denúncias
Governadores do MA e de AL negam participação em esquema; defesa da Gautama diz que não há provas
DA AGÊNCIA FOLHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Alguns dos denunciados pela
Procuradoria Geral da República disseram ontem que ainda
não tiveram acesso ao conteúdo da denúncia.
O governador do Maranhão,
Jackson Lago (PDT), divulgou
ontem uma nota na qual afirma
que recebeu a denúncia com
"surpresa e indignação" e que
durante as investigações da
Operação Navalha seu nome foi
apenas citado em conversas telefônicas de terceiros.
Segundo Lago, os pagamento
feitos à Gautama em seu governo foram referentes a obras
realizadas antes de sua posse,
em janeiro de 2007.
Na nota, o governador ataca
indiretamente a família Sarney, seus principais adversários políticos no Maranhão.
"Sou de um Estado onde a
política se promiscuiu com os
interesses privados. Sou de um
Estado onde políticos erguem
impérios empresariais à custa
da crescente miséria de nosso
povo", diz um trecho da nota.
Quando houve a operação,
em maio de 2007, Lago chegou
a atribuir o envolvimento de
seu nome na investigação à
pressão de seus adversários.
O governador de Alagoas,
Teotonio Vilela Filho (PSDB),
disse, em nota, que está tranqüilo e que irá demonstrar sua
inocência. Ele disse que seu governo cancelou o contrato com
a Gautama logo após a operação e determinou uma auditoria nos contratos de obras firmados no governo anterior.
O ex-governador do Maranhão José Reinaldo Tavares
(PSB), que administrou o Estado de 2002 a 2006 e que foi preso na Operação Navalha, disse
que agora, após a denúncia, terá
oportunidade de se defender.
Ele negou que tenha pedido a
liberação de pagamentos referentes a obras da Gautama durante seu governo. "Nem sei o
que acontece dentro das secretarias", afirmou Tavares.
O ex-governador de Sergipe
João Alves Filho (DEM) disse
ontem estar "surpreso" com a
denúncia. "Em nenhum momento fui mencionado na Operação Navalha", afirmou.
Ele disse que está procurando assistência jurídica para saber do que está sendo acusado.
Por meio de nota, a diretoria
executiva da Eletrobrás informou que não vai se manifestar
sobre a denúncia do diretor de
engenharia da empresa, Valter
Cardeal, antes de ter acesso ao
conteúdo das denúncias. A Eletrobrás informou, na nota, que
"ratifica sua plena confiança
nos dirigentes da empresa".
A Folha não conseguiu localizar o ex-presidente da Eletrobrás Aloisio Vasconcelos.
Gautama
O advogado Eduardo Ferrão
-cujo escritório defende Zuleido Veras, dono da construtora
Gautama, a diretora comercial
da empresa, Maria de Fátima
Palmeira, e os demais funcionários da construtora investigados no caso- desqualificou a
denúncia do Ministério Público Federal. Para ele, não há
prova das fraudes denunciadas.
"O nome da operação é Navalha, que significa cortar na própria carne. Algo não está fechando. Houve um redirecionamento da investigação, que
precisa ser explicado ainda. Na
verdade, se estava investigando
policiais federais e, de repente,
se tomou um outro rumo. Isso
não foi esclarecido", disse.
"[A denúncia] é uma versão
do Ministério Público. Não
concordo com ela", completou.
Geraldo Magela da Rocha,
ex-servidor do Estado do Maranhão, é acusado de "intermediar negócios escusos da quadrilha" quando trabalhou para
o ex-governador José Reinaldo
Tavares. Ele nega que tenha havido "qualquer irregularidade"
ou que tenha participado de
qualquer esquema de corrupção. "O processo está cheio de
falhas jurídicas, foi mal feito. As
provas são ilegais."
Irônico, Geraldo Magela afirmou que o grande mérito da
Operação Navalha foi ter acabado com a Gautama. "O que a
Gautama fazia, todas as empresas continuam fazendo, que é
prospectar negócios. Então está mundo [as demais construtoras] na ilegalidade." E completou: "A denúncia foi boa,
porque agora temos condições
de nos defender".
Enéas de Alencastro Neto,
representante do Estado de
Maceió em Brasília, disse que
foi surpreendido pela denúncia
da Procuradoria Geral da República. Seu advogado, Antônio
Carlos de Almeida Castro, negou que seu cliente tenha recebido propina da Gautama.
A reportagem ligou para a casa do servidor Ivo Almeida Costa, assessor do ex-ministro de
Minas e Energia Silas Rondeau.
Uma mulher que se identificou
como sua esposa disse que ele
estava no trabalho e que só poderia falar à noite, quando ninguém atendeu.
Procurado, José Ricardo Pinheiro de Abreu, presidente interino da Cepisa (Companhia
Energética do Piauí), não quis
falar. A reportagem indagou a
assessoria da Cepisa sobre a
continuidade de Abreu na presidência e as possíveis explicações dele sobre a denúncia, mas
não obteve resposta.
Sem sucesso, a Folha procurou José Geraldo Grossi, advogado do ex-ministro Silas Rondeau, em sua casa e no escritório. Deixou recado, mas não
houve resposta.
A reportagem também não
conseguiu localizar Sérgio Sá.
(SÍLVIA FREIRE, RENATA BAPTISTA, PAULO PEIXOTO E LUCAS FERRAZ)
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