São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 2008

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outro lado

Acusados rechaçam denúncias

Governadores do MA e de AL negam participação em esquema; defesa da Gautama diz que não há provas

DA AGÊNCIA FOLHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Alguns dos denunciados pela Procuradoria Geral da República disseram ontem que ainda não tiveram acesso ao conteúdo da denúncia.
O governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT), divulgou ontem uma nota na qual afirma que recebeu a denúncia com "surpresa e indignação" e que durante as investigações da Operação Navalha seu nome foi apenas citado em conversas telefônicas de terceiros.
Segundo Lago, os pagamento feitos à Gautama em seu governo foram referentes a obras realizadas antes de sua posse, em janeiro de 2007.
Na nota, o governador ataca indiretamente a família Sarney, seus principais adversários políticos no Maranhão.
"Sou de um Estado onde a política se promiscuiu com os interesses privados. Sou de um Estado onde políticos erguem impérios empresariais à custa da crescente miséria de nosso povo", diz um trecho da nota.
Quando houve a operação, em maio de 2007, Lago chegou a atribuir o envolvimento de seu nome na investigação à pressão de seus adversários.
O governador de Alagoas, Teotonio Vilela Filho (PSDB), disse, em nota, que está tranqüilo e que irá demonstrar sua inocência. Ele disse que seu governo cancelou o contrato com a Gautama logo após a operação e determinou uma auditoria nos contratos de obras firmados no governo anterior.
O ex-governador do Maranhão José Reinaldo Tavares (PSB), que administrou o Estado de 2002 a 2006 e que foi preso na Operação Navalha, disse que agora, após a denúncia, terá oportunidade de se defender.
Ele negou que tenha pedido a liberação de pagamentos referentes a obras da Gautama durante seu governo. "Nem sei o que acontece dentro das secretarias", afirmou Tavares.
O ex-governador de Sergipe João Alves Filho (DEM) disse ontem estar "surpreso" com a denúncia. "Em nenhum momento fui mencionado na Operação Navalha", afirmou.
Ele disse que está procurando assistência jurídica para saber do que está sendo acusado.
Por meio de nota, a diretoria executiva da Eletrobrás informou que não vai se manifestar sobre a denúncia do diretor de engenharia da empresa, Valter Cardeal, antes de ter acesso ao conteúdo das denúncias. A Eletrobrás informou, na nota, que "ratifica sua plena confiança nos dirigentes da empresa".
A Folha não conseguiu localizar o ex-presidente da Eletrobrás Aloisio Vasconcelos.

Gautama
O advogado Eduardo Ferrão -cujo escritório defende Zuleido Veras, dono da construtora Gautama, a diretora comercial da empresa, Maria de Fátima Palmeira, e os demais funcionários da construtora investigados no caso- desqualificou a denúncia do Ministério Público Federal. Para ele, não há prova das fraudes denunciadas.
"O nome da operação é Navalha, que significa cortar na própria carne. Algo não está fechando. Houve um redirecionamento da investigação, que precisa ser explicado ainda. Na verdade, se estava investigando policiais federais e, de repente, se tomou um outro rumo. Isso não foi esclarecido", disse.
"[A denúncia] é uma versão do Ministério Público. Não concordo com ela", completou.
Geraldo Magela da Rocha, ex-servidor do Estado do Maranhão, é acusado de "intermediar negócios escusos da quadrilha" quando trabalhou para o ex-governador José Reinaldo Tavares. Ele nega que tenha havido "qualquer irregularidade" ou que tenha participado de qualquer esquema de corrupção. "O processo está cheio de falhas jurídicas, foi mal feito. As provas são ilegais."
Irônico, Geraldo Magela afirmou que o grande mérito da Operação Navalha foi ter acabado com a Gautama. "O que a Gautama fazia, todas as empresas continuam fazendo, que é prospectar negócios. Então está mundo [as demais construtoras] na ilegalidade." E completou: "A denúncia foi boa, porque agora temos condições de nos defender".
Enéas de Alencastro Neto, representante do Estado de Maceió em Brasília, disse que foi surpreendido pela denúncia da Procuradoria Geral da República. Seu advogado, Antônio Carlos de Almeida Castro, negou que seu cliente tenha recebido propina da Gautama.
A reportagem ligou para a casa do servidor Ivo Almeida Costa, assessor do ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau. Uma mulher que se identificou como sua esposa disse que ele estava no trabalho e que só poderia falar à noite, quando ninguém atendeu.
Procurado, José Ricardo Pinheiro de Abreu, presidente interino da Cepisa (Companhia Energética do Piauí), não quis falar. A reportagem indagou a assessoria da Cepisa sobre a continuidade de Abreu na presidência e as possíveis explicações dele sobre a denúncia, mas não obteve resposta.
Sem sucesso, a Folha procurou José Geraldo Grossi, advogado do ex-ministro Silas Rondeau, em sua casa e no escritório. Deixou recado, mas não houve resposta.
A reportagem também não conseguiu localizar Sérgio Sá.
(SÍLVIA FREIRE, RENATA BAPTISTA, PAULO PEIXOTO E LUCAS FERRAZ)



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