FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PT seguiu à risca ontem em seu programa partidário a estratégia de sobrepor a trajetória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à da ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff.
De acordo com a releitura petista da história, o governo não é mais apenas de Lula. Nunca foi. Houve uma transmutação. O lulismo também sempre teria sido uma espécie de lulo-dilmismo.
Ao longo do programa do PT, os telespectadores e ouvintes de rádio foram convidados a conhecer essa nova versão da passagem do ex-metalúrgico pelo Palácio do Planalto.
Lula faz um resumo: "Ela [Dilma] simplesmente foi exuberante na coordenação do meu governo. Eu digo, sem medo de errar, grande parte do sucesso do governo está na capacidade de coordenação da companheira Dilma Rousseff".
Quando chega a hora de apresentar os dados que o PT considera positivos no governo, o locutor fala de um Brasil sob "Lula e Dilma". Esse duo é sempre comparado aos que seriam seus antípodas, "FHC e Serra", cujo resultado na área social foi "insignificante".
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e o atual candidato tucano ao Planalto, José Serra, são apresentados como sendo uma entidade única, indissociáveis.
Os dez minutos da propaganda petista são dominados inteiramente por Dilma. O PT revela grande coerência na sua estratégia até o momento. Primeiro, colar a candidata em Lula. Segundo, martelar sua biografia de maneira laudatória para que ela se torne mais conhecida. Por último, vender a ideia de que só com Dilma o Brasil vai avançar.
Em algumas cenas, Dilma parece ainda desconfortável ao falar diante de câmeras de TV. Não demonstra naturalidade, parece ler.
Mas ela dá o seu recado. Num trecho, falou: "Eu tenho um sonho: fazer avançar este país que eu amo". Esse será o tom da campanha até outubro, sempre com Lula a tiracolo.


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