São Paulo, sexta-feira, 14 de junho de 2002

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CIRO

Serra tenta "impor censura prévia", diz PDT

RENATA LO PRETE
DA REPORTAGEM LOCAL

Com suas oportunidades de TV limitadas pela legislação eleitoral, a campanha de Ciro Gomes decidiu reagir dando nome aos bois.
No programa do PDT exibido ontem, o relato da convenção em que o partido se uniu a PTB e PPS em torno da candidatura do ex-governador foi precedido por um manifesto contra as investidas do PSDB para manter Ciro longe dos horários das legendas aliadas.
"Apesar dos protestos de José Serra, a presença de candidatos nos programas partidários não é surpresa", diz o locutor. Na tela, cenas de inserções do tucano, de Lula (PT) e de Garotinho (PSB).
A argumentação omite o calcanhar-de-aquiles de Ciro. Os outros ignoraram a lei ao utilizar horários de "divulgação partidária" para promoção de candidaturas. Mas o presidenciável do PPS tem contra si o fato de pretender fazer o mesmo nos programas de siglas às quais não é filiado.
Por outro lado, o discurso de ontem marca um ponto ao destacar que "o PSDB tenta atingir especialmente Ciro". Os tucanos não se mexeram quando Garotinho usou horários de "nanicos".
A estratégia é clara. Acusando Serra de tentar "impor censura prévia aos programas", tenta-se refrear o ímpeto do PSDB, que terá ônus de imagem se insistir em ir à Justiça para tirar Ciro do ar.
Os 20 minutos incluíram biografia do candidato e material gravado na convenção que oficializou a Frente Trabalhista. Falaram os filhos de Ciro e a namorada, Patrícia Pillar. Natural diante da câmera como nenhum outro participante do programa, a atriz o definiu como "grande companheiro" e disse querer "caminhar junto com ele para a vitória".
O programa esticou ao limite determinações do Tribunal Superior Eleitoral, que liberou cenas de candidatos em atos políticos na propaganda de aliados, mas manteve veto à participação direta.
Adversários dirão que Ciro incorreu no último delito. Ele fala (bastante) no programa, e não apenas em frases retiradas do plenário da convenção. Sua campanha dirá que o material foi colhido no evento de Pindamonhangaba, "ato político" passível de divulgação na propaganda do PDT.
A operação é de risco. Em quarto nas pesquisas, Ciro decidiu corrê-lo na tentativa de chegar com chances ao horário gratuito.



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