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Economistas divergem sobre críticas a Lula
RAFAEL CARIELLO
DA REPORTAGEM LOCAL
As críticas do ministro José Dirceu (Casa Civil) ao documento "A
agenda interditada", que se opõe
à política econômica do governo,
foram rebatidas ontem por economistas que o assinaram. No
mesmo dia, o ex-presidente do
Banco Central Gustavo Loyola fez
coro a Dirceu nas críticas ao texto.
Luiz Gonzaga Belluzzo, professor da Unicamp que chegou a ser
cogitado para um ministério da
área econômica do governo, disse
o seguinte: "O ministro José Dirceu não tem formação para discutir esse assunto".
Na "Agenda", divulgada pela
Folha anteontem, cerca de 250
economistas recomendam ao governo controle de capitais externos e da taxa de câmbio. Segundo
Ricardo Carneiro, um dos signatários, o manifesto agrupa desde
economistas do PT até eleitores
de José Serra na campanha presidencial de 2002.
Em encontro com deputados do
PT, Dirceu insinuou que as propostas poderiam provocar uma
"bolha" de crescimento e afirmou
que, durante o Plano Cruzado [de
1986], as "medidas necessárias"
não foram tomadas e a inflação
voltou ao país.
"A taxa de câmbio tem que estar
no lugar, a taxa de juros é excessiva e há uma interpretação errônea
a respeito da inflação. Ninguém
está pedindo para que se faça uma
bolha de crescimento", afirmou
Belluzzo.
O economista Plínio de Arruda
Sampaio Jr., um dos coordenadores do manifesto, afirmou que o
ministro "tem uma visão simplória do que foi a crise dos anos 80 e
das causas do fracasso do [Plano]
Cruzado".
Para ele, Dirceu não tem "nenhum dado objetivo para estar
com tanta segurança". "Só um sonhador poderia imaginar que estamos próximos de um espetáculo de grande crescimento. É muito
mais provável assistirmos a um
espetáculo de recessão."
Para Carneiro, "é previsível, para um economista medianamente
formado, aonde essa política [do
governo] vai nos levar".
Gustavo Loyola
Em boletim da consultoria Tendências divulgado ontem, o ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola diz, em texto intitulado "Quando a insensatez não conhece limites", que as recomendações da "Agenda" são como
"aconselhar o acendimento de
um palito de fósforo para verificar
o nível de gasolina num tanque".
"O que se sugere é um caminho
para a explosão inflacionária",
acrescenta o artigo.
O texto diz ainda que juros baixos, câmbio desvalorizado e inflação alta, recomendações implícitas, segundo Loyola, na "Agenda", "jamais trouxeram prosperidade a país algum no mundo".
Na última vez em que Loyola
ocupou a presidência do BC, de
maio de 1995 a julho de 1997 (ele
também ocupou o cargo de outubro de 1992 a abril de 1993), o banco mantinha a cotação do dólar
dentro de uma estreita faixa de
flutuação. Essa política foi acusada de manter o real sobrevalorizado, prejudicando as exportações.
Colaborou a Redação
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