São Paulo, quarta-feira, 14 de junho de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Sem PSB, Alencar volta a ser o mais provável vice de Lula

Como no caso do PMDB, interesses regionais impedem aliança entre PT e socialistas

Se presidente conquistar a reeleição, partidos aliados esperam obter a filiação de seu companheiro de chapa, hoje abrigado no PRB


MALU DELGADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve repetir, na tentativa de reeleição, a parceria com o empresário mineiro José Alencar (PRB) na vice-presidência. Essa é a aposta de aliados do presidente, devido aos empecilhos para a aliança formal com o PSB e à decisão tomada pelo PMDB nesta semana de não apoiar nenhum candidato à Presidência.
Ontem, Lula se reuniu com o presidente do PSB, Eduardo Campos. O presidente pediu um prazo até o dia 21 para que o PSB anuncie se fará ou não aliança formal com o PT. Hoje, recebe o ex-ministro Ciro Gomes. O presidente prefere Ciro como vice, mas está ciente das dificuldades para a aliança pelas exigências da cláusula de barreira -por essa regra, partidos com menos de 5% dos votos válidos terão corte nas verbas do Fundo Partidário e no tempo de TV.
Sem aliança formal com Lula, o PSB teria mais flexibilidade para fazer coligações nos Estados e aumentar o número de votos. "Se apoiar Lula hoje significar amanhã não existir o PSB, eu não posso fazer isso e também isso não é bom para o governo dele, para a governabilidade [num eventual segundo mandato]", disse Eduardo Campos, após o encontro.
Segundo Campos, a aliança só seria possível se o PT fosse flexível nos Estados e firmasse compromisso de apoio a candidatos do PSB em eventuais segundos turnos. Outra condição seria a neutralidade de Lula onde PSB e PT forem rivais.
Campos, candidato ao governo de Pernambuco, ficou contrariado com o anúncio de apoio do PTB à candidatura de seu adversário Humberto Costa, do PT. O deputado Armando Monteiro, do PTB, saiu da disputa após conversar com Lula.
Segundo o secretário-geral do PSB, Renato Casagrande, há problemas de coligação com o PT em oito Estados. "O partido certamente não fará aliança formal [com Lula]", afirmou.

Sem opções
Com as dificuldades, restaria a Lula a conservadora opção por Alencar. Diante desse cenário, dirigentes do PSB admitem que já há conversas para atrair Alencar à legenda. O PMDB também cobiça a filiação dele.
Políticos próximos a Alencar dizem que ele aceitará o convite de Lula. Com 74 anos, não mostra disposição para uma eleição difícil ao Senado -enfrentando Itamar Franco-, muito menos para um duelo com Aécio Neves pelo governo.
"Vai dar a lógica: Alencar na vice. O que é muito bom para Minas Gerais", afirmou ontem o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT).
"A rigor, nunca houve convite de Lula ao PSB [para a vice-presidência]. Acho que o governo Lula já escolheu seus aliados, que são a tropa do PMDB governista", provocou o 2º vice-presidente do PSB, Beto Albuquerque, também vice-líder do governo na Câmara.


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