São Paulo, domingo, 14 de junho de 1998

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DATAFOLHA
Lula e Fernando Henrique Cardoso podem ser os maiores beneficiados pela eventual troca de candidatos
40% admitem mudar o voto até eleição

da Reportagem Local

De cada 10 eleitores que já escolheram um candidato, 4 admitem que ainda podem mudar seu voto até a eleição. Se isso acontecer, os favoritos tendem a ser os maiores beneficiados pela mudança.
É o que mostra um item da pesquisa nacional Datafolha no qual o entrevistador pergunta ao eleitor se ele considera que seu voto "está totalmente decidido" ou se "ainda pode mudar o voto".
Entre os eleitores de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 2 a cada 3 responderam que estão decididos. Em ambos os casos, os votos "volúveis" somam 1/3 do total.
Já entre os candidatos com menos intenção de voto, a "certeza" do eleitorado é ainda menor: 53% dos eleitores de Ciro Gomes (PPS) admitem trocar de candidato, assim como 54% dos de Enéas Carneiro (Prona), e 62% dos dos demais presidenciáveis.
Em seguida, o pesquisador perguntou qual a segunda opção de voto desse eleitor "volúvel". As respostas beneficiam os favoritos: 21% optariam por Lula, 17%, por FHC, e 14%, por Ciro. Outros 12% disseram que anulariam o voto, e 20% não souberam responder.
Isso significa que, mantido o atual cenário eleitoral, o candidato do PT poderia "roubar" até nove pontos percentuais de seus adversários. Ou então, que FHC poderia abocanhar até sete pontos percentuais dos outros presidenciáveis. Ciro poderia ficar com até seis pontos dos rivais.
Em outras palavras, no que depender de cooptar eleitores de outros candidatos, Lula tem hoje um "limite" de crescimento de 39% das intenções de voto, enquanto FHC tem um "teto" de 40%. Ciro fica bem abaixo: chegaria a, no máximo, 14%.
As expressões "limite" e "teto" estão entre aspas porque só valem para o momento em que foi feita a pesquisa. O cenário eleitoral pode mudar no futuro e, com ele, os percentuais "máximos" de crescimento dos presidenciáveis.
Além disso, ainda há 21% de eleitores sem candidato, que podem migrar para um presidenciável até a eleição.
Essa parte da pesquisa indica que, mantido o atual quadro, é mais provável que FHC e Lula recebam votos dos demais candidatos do que o contrário. A tendência é uma polarização da eleição entre os dois favoritos.
Apesar de eles terem mais chances de roubar votos dos adversários à medida que a campanha se intensificar, ainda não há sinais de que essa polarização leve a uma definição da eleição ainda no primeiro turno.
Os votos mantidos pelos demais candidatos seriam suficientes para, somados aos do segundo colocado, levar a eleição para o 2º turno -uma vez que superariam a votação do primeiro colocado. Desde que nem FHC nem Lula abram uma vantagem muito grande um em relação ao outro.

Tempo de definição
Como não poderia deixar de ser, a pesquisa mostra ainda que o voto em Lula é mais recente: 33% dos eleitores do petista dizem ter decidido votar nele há menos de seis meses. No caso de FHC, esse percentual é menor: 27%.
Em outras palavras, cerca de 3 em cada 4 eleitores do presidente definiram seu voto antes do lançamento do pacote econômico de 51 medidas, em novembro.
Nos últimos seis meses, Fernando Henrique conquistou proporcionalmente mais novos votos entre os eleitores jovens.
(JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO)


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