São Paulo, sexta-feira, 14 de julho de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / CRISE NA SEGURANÇA

Serra endossa o PFL e diz ver indícios de elo entre PT e PCC

Edson Silva - 22.jun.2006/Folha Imagem
O candidato em SP José Serra, que ataca governo Lula por corte de repasse de verbas ao Estado


Alckmin é mais evasivo, mas também identifica "coisas estranhas" nos ataques

Candidato ao governo do Estado menciona panfletos e gravações atribuídas ao PCC, mas não mostra provas de envolvimento de petistas

LEANDRO BEGUOCI
ENVIADO ESPECIAL A JALES

SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Um dia depois de o presidente do PFL, Jorge Bornhausen, insinuar que há um elo entre a facção criminosa PCC e o PT, o candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra, foi mais longe. O tucano, que fez campanha no interior paulista, afirmou que há "indícios" de ligação entre o PT e o PCC, quando questionado sobre as declarações de Bornhausen.
Em Brasília, o candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin, foi evasivo: disse que há "coisas estranhas" por trás da série de ataques do PCC (Primeiro Comando da Capital) e que a polícia deve investigar "qual a origem e quem está por trás de tudo isso".
Bornhausen e o candidato a vice na chapa de Alckmin, José Jorge, voltaram ontem a tentar envolver o PT na onda de atentados em São Paulo. O presidente nacional do partido, Ricardo Berzoini, acusou a oposição de oportunismo. O PT estadual anunciou que ingressará com uma notícia crime na Justiça Eleitoral contra Serra (leia na página A6).
Ao mencionar os supostos "indícios" de envolvimento do partido adversário com a facção criminosa, Serra afirmou: "Basta você olhar os manifestos do crime organizado, o que eles dizem sobre a política, coisas que se diz que eles [criminosos] dizem, inclusive nas gravações. É fato que uma das cooperativas de perueiros em São Paulo é ligada ao ex-secretário de transportes de São Paulo [Jilmar Tatto, durante a administração de Marta Suplicy]. Chegou-se, inclusive, a ser pedida a prisão dele. Há ligações notórias com esse pessoal."
O candidato não explicou a que gravações se referia. A Folha apurou que grampos telefônicos feitos em maio pela polícia paulista revelaram supostas ordens de um dos líderes do PCC a seus subordinados para que atacassem políticos do PSDB e poupassem petistas. Os atentados contra políticos, porém, nunca ocorreram.
A menção indireta a Tatto se deve a um inquérito da Polícia Civil de Santo André, no qual o ex-secretário e outras sete pessoas são acusadas de ter influência sobre perueiros supostamente ligados ao PCC. A polícia pediu a prisão do petista, mas a Justiça considerou não haver provas contra ele. Para Tatto, as insinuações dos tucanos e pefelistas se devem a "desespero" (leia na página A6).
Antes de comentar as declarações de Bornhausen, Serra já havia insinuado que a onda de atentados promovida pelo PCC poderia ter motivações partidárias. Ao ser questionado sobre o que pretende fazer para debelar a crise na segurança pública, caso eleito governador, afirmou: "Esses ataques são muito estranhos nas suas implicações políticas, porque tem havido constantes manifestações de líderes do crime organizado contra determinadas forças políticas, como se estivessem se partidarizando."
Na semana passada, panfletos atribuídos ao PCC criticaram o PSDB e responsabilizaram o partido pela crise.

Campanha
Alckmin evitou avalizar as declarações de Bornhausen e disse que o pefelista "não fez nenhum vínculo direto" entre PT e PCC. Anteontem, em entrevista à Folha, o pefelista disse que "PT pode estar manuseando, manipulando essas ações [atentados]".
"Tem muita coisa estranha por trás de tudo isso. Mas não vou fazer nenhuma observação de natureza política", disse Alckmin. "Estranho a forma como a coisa ocorre, a época em que ocorre, a maneira como os atos são desencadeados."
Alckmin chegou na tarde de ontem a Brasília, onde se reuniu com a coordenação e o comitê financeiro da campanha para dimensionar o impacto da crise de segurança em sua candidatura. Os tucanos defenderam que Alckmin continue rechaçando o envio da Força Nacional de Segurança a São Paulo e que tente responsabilizar pela crise a lentidão na transferência de recursos federais e a resistência em endurecer a legislação penal.
Antes de embarcar para Brasília, Alckmin teve um encontro com o governador de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL), no qual disse ter manifestado apoio às ações de enfrentamento.


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