São Paulo, sexta-feira, 14 de julho de 2006

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

Abaixo da cintura

Início da noite, diz a manchete no site de "O Estado de S. Paulo" que "Serra e vice de Alckmin insinuam haver ligação do PT com os ataques do PCC". Mesmo horário, na manchete do UOL, "Alckmin "estranha" a onda de ataques e pede apuração".
Tudo começou quando, no dizer do blog de Josias de Souza, o pefelista Jorge Bornhausen "socou abaixo da cintura" ontem na Folha, falando que "o PT pode estar manuseando, manipulando essas ações".
O petista Tarso Genro se recusou a responder, no blog, "declarações de um quilate tão rebaixado, de uma postura tão caluniosa".

NENHUM ÔNIBUS
A exemplo de dois meses atrás, insiste a Globo que os civis resistam aos ataques.
Nos intervalos da tarde, bateu sem parar que "o prefeito determinou que os ônibus voltem a circular às quatro".
Às 16h, "vamos ver se a determinação está sendo cumprida". Num terminal, "como a gente vê aí, nenhum sinal, tudo parado, nenhum ônibus, nem sequer estacionado".

UM ÔNIBUS SOLITÁRIO
Vem a noite, começa o "SP Record" e conta no terminal, do alto, "um ônibus solitário".
Começa o "SPTV". Sobre o terminal, do Globocop, "totalmente vazia ali, a plataforma onde deviam estar os ônibus". No bloco final, surge ao vivo o ex-secretário de Celso Pitta, digo, o repaginado prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab:
- Evidentemente, é um processo gradual... Amanhã eles circularão normalmente.

"FIRST COMMAND"
Do "Washington Post", ontem, abrindo texto à pág. A20:
- A gigantesca gangue de prisão do Brasil, "the First Command of the Capital", mostrou que ainda opera sem controle do governo, lançando ataques em São Paulo, em protesto contra superlotação.
E no título do espanhol "El País", "São Paulo sofre outra onda de ataques organizada pela máfia carcerária". Em outras palavras, "el Primer Comando de la Capital".

MORTO VIVO
No blog de Josias de Souza, uma indicação do estopim. A certa altura do depoimento à CPI de Armas, Marcola pediu:
- Posso fazer uma pergunta? Pode ser em off, entre nós?
Desligaram o gravador e ele quis saber "como é o regime de Catanduvas". É o presídio federal para onde ele pode ser mandado, dito "supermax", "Super Maximum Security".
Lá, falaria por parede de vidro, sob monitoramento etc. No título do blog, "Líder do PCC temia virar "morto vivo'".

A LIÇÃO
De Gilberto Dimenstein, na Folha Online, ontem, sob o título "A boa lição do PCC":
- Quando mais se prende, mais vulnerável fica a sociedade, isso porque o PCC se torna ainda mais forte. Quando mais se pede tratamento desumano aos presos, mais e mais somos nós as vítimas.
De Paulo Mesquita, do Núcleo de Estudos da Violência da USP, ao site Carta Maior:
- Políticas cujo único objetivo parece ser o encarceramento são insustentáveis. Num Estado com as dimensões de São Paulo, isso só vai levar a crises e mais crises.

OUTRO LADO
O ex-secretário do governo FHC para segurança não pára. Ontem, lá estava ele no programa de Ana Maria Braga e nas rádios. Cobrou verbas do governo Lula, questionou a Força Nacional, o de sempre.


Nos telejornais de Globo e Band etc., o rosto das crianças brasileiras

ATENTADO E REVOLTA

No fim da escalada de manchetes do "Jornal Nacional", "Israel volta a bombardear o Líbano, e uma família de brasileiros morre durante os ataques".
À tarde, na reportagem da Globo, houve destaque para as "lágrimas de dor e revolta", mais uma descrição pouco usual para "o bombardeio israelense":
- No atentado, morreram o menino Hadi, de 8 anos, e Fátima, de 4 anos.
À noite, no "JN", nem atentado nem revolta.



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@ - Nelson de Sá


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