São Paulo, quarta-feira, 14 de agosto de 2002

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Maluf admite ter sido condenado e ameaça deixar preso sem colchão

JOÃO CARLOS SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

Paulo Maluf (PPB), candidato ao governo paulista, admitiu ontem pela primeira vez o que ele e sua assessoria negavam: sim, o pepebista foi condenado judicialmente e não tem direito a recurso.
A sentença foi dada em um processo que trata do uso de verbas da Prefeitura de São Paulo para pagar anúncio de interesse pessoal na gestão Maluf (93-96).
A condenação se deu por improbidade. Na época, Maluf e sua assessoria negaram que ele tinha sido condenado. Ontem, em entrevista ao "SPTV", da TV Globo, ele ainda repetiu uma frase que vinha usando em sua campanha: "Em 35 anos de vida pública, não tenho nenhuma condenação".
Minutos depois, questionado novamente por um dos apresentadores do programa, ele admitiu: "Não tem nenhuma condenação criminal. É uma condenação cível, e estamos discutindo se devo ou não pagar o anúncio que fiz defendendo a prefeitura".
O anúncio mencionado por Maluf envolve um gasto de R$ 68.726,07 feito pela prefeitura em 1994 para custear publicidade na primeira página do jornal "O Estado de S. Paulo" em que José Altino Machado, então secretário de Negócios Jurídicos, defendia Maluf de críticas de um empresário.
Dias antes, também em anúncio, Georges Gazale reclamara de uma demolição, ordenada pela prefeitura, de parte de sua floricultura, que avançava a calçada.
O caso foi parar no Ministério Público, que propôs uma ação civil pública, e chegou ao Superior Tribunal de Justiça, que manteve a condenação de Maluf.
Ontem, Maluf disse ter esperança de conseguir anular a condenação por meio de ação rescisória.
Ao falar de segurança, radicalizou: "Pôs fogo no colchão? O bandido vai dormir no chão."
À tarde, sua assessoria disse que o ex-prefeito pode ter se confundido, pois só considerará que foi condenado quando tiver de pagar o valor reivindicado. No lançamento de seu programa de governo para a área de esportes, à noite, Maluf disse à platéia que não tinha condenação judicial.
Também à noite, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo cassou 4 dos 40 minutos a que o PPB tem direito em 2003 por usar os programas partidários para fazer propaganda política.



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