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SAIBA MAIS
Governo Lula tenta contornar lei antiinvasão
DA REDAÇÃO
O governo Lula tem se comportado de maneira dúbia em
relação à medida provisória
que proíbe vistorias em terras
invadidas por dois anos após a
desocupação. Embora as declarações sejam de que a medida
será respeitada, o governo tem
buscado meios de contorná-la.
As vistorias são feitas pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária)
para definir se uma área é ou
não é improdutiva. Se for, deve
ser desapropriada para fins de
reforma agrária.
Em junho, o procurador-geral do Incra, Carlos Frederico
de Souza Filho, orientou, em
memorando, funcionários do
órgão a adotar interpretações
flexíveis da medida provisória.
Diz, por exemplo, que não
cabe ao Incra a iniciativa de excluir o imóvel invadido do cronograma de vistorias. O dono é
que deveria invocar o direito de
não ter sua terra vistoriada.
Em maio, o órgão já tinha
manifestado essa postura. Na
época, só uma das 80 fazendas
invadidas no ano tinha sido
impedida de vistoria. Criticado
por ruralistas, o Incra disse que
tinha pouco pessoal para cadastrar as áreas e esperava que
os fazendeiros o notificassem.
O memorando de junho dizia
também que, se a invasão ocorrer em apenas parte do imóvel,
o restante dele poderá ser vistoriado e, se for considerado improdutivo, desapropriado.
Editada em 2000, a medida
provisória fez cair o número de
invasões. O MST sempre a criticou. O PT e a Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura) pediram ao Supremo Tribunal Federal que a considerasse inconstitucional, mas tiveram liminar negada em abril de 2002.
Em novembro do mesmo
ano, porém, o tribunal teve
uma interpretação um tanto
flexível do texto. Considerou
que, se uma invasão ocorre
após a vistoria do Incra, o processo de desapropriação pode
continuar. O argumento foi
que, se uma fazenda já foi considerada improdutiva, uma invasão posterior não mudará o
resultado.
(GUILHERME BAHIA)
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