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ANÁLISE
Dúvida é sobre o futuro
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
"Hoje, podemos afirmar com
segurança que as medidas no
campo econômico deram certo."
"Passamos por períodos difíceis; porém, estamos começando
a viver um momento melhor na
vida brasileira. Os investimentos
estão acontecendo, a economia
está se aquecendo e novos empregos estão surgindo, na cidade e no
campo."
"Voltamos a ser um país em
crescimento. Podemos sonhar
com um futuro melhor, com um
país mais digno, mais justo."
As declarações acima, muito semelhantes às de Lula ontem, são
de um pronunciamento em cadeia de rádio e TV do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, no feriado do Dia da Independência, em 7 de setembro de 2000
-o último ano de crescimento
econômico mais vigoroso do país,
de 4,36%.
Como agora, há quatro anos a
economia brasileira vivia um momento de melhora após um longo
período de estagnação. Perto das
eleições municipais, o governo
exibia os indicadores favoráveis
para recuperar popularidade e
força política.
Também como agora, havia
consenso entre os especialistas de
que estava assegurada uma boa
expansão percentual do PIB no
ano corrente -mesmo porque os
patamares anteriores da produção nacional eram muito baixos.
A dúvida era se o crescimento se
repetiria nos anos seguintes.
Atropelamento
A história é conhecida. O país
foi atropelado pela escassez de
energia elétrica, pelo colapso da
Argentina, pelos atentados terroristas contra os EUA, pela incerteza eleitoral, pela ameaça de volta
da inflação. Foram três anos de
crise.
Hoje, a rigor, só há uma diferença importante em relação ao cenário econômico de quatro anos
atrás: um superávit comercial
que, embalado pelo bom momento do comércio global, caminha
para os US$ 30 bilhões neste ano,
contra um déficit de US$ 700 milhões em 2000.
Se é verdade que os dólares das
exportações tornam o país menos
vulnerável aos solavancos externos, outros sinais de fragilidade
permanecem, alguns em níveis
ainda mais elevados. O principal é
a dívida pública, que, de 49% do
PIB em 2000, saltou para 56%.
A infra-estrutura e os investimentos seguem abaixo do necessário, o que pode levar o crescimento a gerar inflação, ainda
mais diante da alta internacional
do petróleo. Não por acaso, o
Banco Central já fala em elevar os
juros novamente.
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