|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ CONEXÕES
Motorista Benoni Nascimento de Moura presta depoimento à PF, nega versão do publicitário e compromete deputado do PP
Sacador de Valério liga Janene a corretora e "livra" PT de esquema
RUBENS VALENTE
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Sacador de dinheiro das empresas do publicitário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza, o
motorista Benoni Nascimento de
Moura, 34, relacionou, em depoimento à Polícia Federal, o deputado federal José Janene (PP-PR) à
empresa corretora de seguros Bônus-Banval, de São Paulo.
O depoimento de Benoni compromete a versão de que a corretora, que recebeu cerca de R$ 2,9
milhões do esquema montado
pelo PT e por Valério, seria ligada
ao Partido dos Trabalhadores. A
informação partira do próprio
Valério, em depoimento e papéis
entregues à Procuradoria Geral
da República.
O motorista, que fez um saque
de R$ 255 mil da conta da empresa SMPB no Banco Rural, contou
à PF que "duas ou três vezes" levou o deputado Janene e seu assessor João Cláudio de Carvalho
Genu da sede da corretora, na
avenida Brigadeiro Faria Lima, ao
aeroporto de Congonhas.
Benoni, que também disse ter
levado uma vez Valério ao mesmo aeroporto, contou que nunca
viu ou conhece figuras petistas relacionadas ao esquema, como o
ex-tesoureiro nacional do PT Delúbio Soares, o ex-secretário-geral
do partido Silvio Pereira e o ex-ministro-chefe da Casa Civil José
Dirceu.
O motorista contou ter feito um
único saque, a pedido do dono da
corretora, Enivaldo Quadrado, a
quem entregou o dinheiro.
Em mãos
Outros depoimentos de pessoas
que fizeram saques no esquema
do PT e de Marcos Valério revelaram detalhes sobre a entrega do
dinheiro. Anita Leocádia, assessora do deputado Paulo Rocha (PT-PA), ex-líder do PT na Câmara,
contou que em julho de 2004 o ele
lhe pediu que fosse a São Paulo "e
ficasse aguardando o telefonema
de uma pessoa".
Em São Paulo, Leocádia recebeu
um telefonema de Valério, que
pediu que ela fosse ao seu encontro em um hotel, cujo nome disse
não se lembrar. No quarto do hotel, ela recebeu R$ 200 mil em dinheiro das mãos do publicitário.
Valério, segundo Leocádia, não
disse a origem do dinheiro, e apenas perguntou "como estava" Rocha. Do hotel, ela seguiu para um
banco, onde disse ter feito depósitos "a alguns fornecedores".
Pré-campanha
Assessor parlamentar do deputado federal Professor Luizinho
(PT-SP), ex-líder do governo na
Câmara, desde 1995, José Nilson
dos Santos contou que recorreu
ao parlamentar para fazer despesas "pré-eleitorais de pré-candidatos" do PT a vereador no município de Santo André (SP).
"[O deputado] ficou de providenciar essas verbas junto ao Partido dos Trabalhadores, tendo conhecimento de que o mesmo conseguiu dinheiro com Delúbio
Soares", disse Nilson.
O assessor foi então encontrar-se com o ex-tesoureiro nacional
do PT, em dezembro de 2003, na
sede do partido. Delúbio pessoalmente teria orientado que Santos
fosse à agência do Banco Rural na
avenida Paulista. Nilson narra o
que se passou: "Encaminhou-se
até o local indicado por Delúbio,
apresentou-se ao funcionário
também indicado por Delúbio,
recebendo R$ 20 mil em dinheiro
vivo. (...) Recebeu o dinheiro em
uma sala de vidro, botou o dinheiro no bolso, assinou um recibo."
Eliane Alves Lopes, 46, funcionária em Brasília da SMPB Comunicação, de Marcos Valério, desde
1983 e atual diretora de operações
da empresa, disse ter feito "seis a
oito saques" de dinheiro com autorização do publicitário.
Segundo ela, sempre entregava
o dinheiro nas mãos de Valério,
normalmente no hall de entrada
do hotel Blue Tree, de Brasília.
Numa das vezes, a entrega do pacote ocorreu em plena banca de
revistas "localizada na Esplanada
dos Ministérios".
Texto Anterior: No planalto - Josias de Souza: Lula diz em discurso que é apenas bobo, não corrupto Próximo Texto: Escândalo do "mensalão"/o que é isso, companheiro?: Protestos evidenciam racha na esquerda Índice
|