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RUMO A 2006
PPA prevê que mais de cem obras ficarão prontas a tempo de serem inauguradas até a próxima eleição presidencial
Lula concentra obras no final do mandato
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Entre construção de rodovias,
pontes, aeroportos, usinas hidrelétricas e termelétricas e até a
abertura de rios artificiais, o plano
de obras de infra-estrutura encaminhado pelo governo ao Congresso prevê uma média de três
inaugurações por mês em 2006,
ano da sucessão do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
São 223 obras na lista de projetos em infra-estrutura do PPA
(Plano Plurianual) para o período
2004-2007. A maioria das obras
tem conclusão prevista para o ano
seguinte ao fim do mandato, mas
mais de cem estariam prontas a
tempo de serem inauguradas por
Lula até 2006; 25 delas seriam
concluídas em 2004, ano eleitoral.
"É real a sensação de um canteiro de obras, há obras espalhadas
por todo o país", avalia o ministro
Guido Mantega (Planejamento), a
quem coube selecionar os projetos dos ministérios. "Não sei politicamente, mas socialmente os
projetos têm um peso tremendo",
completou, sem saber dizer se Lula irá participar das inaugurações.
Por ora, o canteiro de obras de
Lula é virtual. Integrar a lista de
projetos do PPA significa que determinada obra poderá contar
com dinheiro da União ou com o
estímulo do governo. Para que o
conjunto de obras saia do papel é
preciso mais: crescimento acelerado da economia, mas não só.
"O governo também precisa sinalizar regras muito claras e garantir o retorno dos investimentos para atrair a iniciativa privada,
e isso não acontece de um dia para
o outro", diz Paulo Simão, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção. Uma parcela de mais de R$ 36 bilhões dos
investimentos do PPA (12,16%)
está nas mãos da iniciativa privada. Esse dinheiro ainda depende
dos chamados "marcos regulatórios" - legislação com regras para investimentos nas áreas de
transportes, energia elétrica e saneamento, além das parcerias público-privadas, uma das grandes
novidades do governo Lula, ainda
sem formato definido.
"O ritmo sinalizado de investimentos em infra-estrutura é muito maior do que nos três últimos
anos, mas tudo é ainda muito duvidoso", reitera Carlos Eduardo
Lima Jorge, diretor-executivo da
Apeop (Associação Paulista de
Empresários de Obras Públicas).
Segundo os planos do governo,
boa parte do dinheiro (45%) para
investimentos entre 2004 e 2007
sairá das empresas estatais, sobretudo nos setores de energia elétrica, petróleo e gás, que também
deverão receber o maior volume
de investimentos privados (93%
do total das previsões).
Nessa área, há planos de ampliar em mais de 15% a geração e
a transmissão de energia elétrica, construir 2.479 quilômetros
de gasodutos e garantir a auto-suficiência na produção de petróleo.
A participação da iniciativa
privada é de pouco mais de 10%
dos projetos previstos na área de
transportes, cuja meta é construir 5.500 quilômetros de rodovias e recuperar outros 43 mil
quilômetros, além de construir
2.400 quilômetros de ferrovias e
melhorar a navegabilidade em
10 mil quilômetros de hidrovias.
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