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São Paulo, domingo, 14 de setembro de 2003

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RUMO A 2006

PPA prevê que mais de cem obras ficarão prontas a tempo de serem inauguradas até a próxima eleição presidencial

Lula concentra obras no final do mandato

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Entre construção de rodovias, pontes, aeroportos, usinas hidrelétricas e termelétricas e até a abertura de rios artificiais, o plano de obras de infra-estrutura encaminhado pelo governo ao Congresso prevê uma média de três inaugurações por mês em 2006, ano da sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
São 223 obras na lista de projetos em infra-estrutura do PPA (Plano Plurianual) para o período 2004-2007. A maioria das obras tem conclusão prevista para o ano seguinte ao fim do mandato, mas mais de cem estariam prontas a tempo de serem inauguradas por Lula até 2006; 25 delas seriam concluídas em 2004, ano eleitoral.
"É real a sensação de um canteiro de obras, há obras espalhadas por todo o país", avalia o ministro Guido Mantega (Planejamento), a quem coube selecionar os projetos dos ministérios. "Não sei politicamente, mas socialmente os projetos têm um peso tremendo", completou, sem saber dizer se Lula irá participar das inaugurações.
Por ora, o canteiro de obras de Lula é virtual. Integrar a lista de projetos do PPA significa que determinada obra poderá contar com dinheiro da União ou com o estímulo do governo. Para que o conjunto de obras saia do papel é preciso mais: crescimento acelerado da economia, mas não só.
"O governo também precisa sinalizar regras muito claras e garantir o retorno dos investimentos para atrair a iniciativa privada, e isso não acontece de um dia para o outro", diz Paulo Simão, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção. Uma parcela de mais de R$ 36 bilhões dos investimentos do PPA (12,16%) está nas mãos da iniciativa privada. Esse dinheiro ainda depende dos chamados "marcos regulatórios" - legislação com regras para investimentos nas áreas de transportes, energia elétrica e saneamento, além das parcerias público-privadas, uma das grandes novidades do governo Lula, ainda sem formato definido.
"O ritmo sinalizado de investimentos em infra-estrutura é muito maior do que nos três últimos anos, mas tudo é ainda muito duvidoso", reitera Carlos Eduardo Lima Jorge, diretor-executivo da Apeop (Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas).
Segundo os planos do governo, boa parte do dinheiro (45%) para investimentos entre 2004 e 2007 sairá das empresas estatais, sobretudo nos setores de energia elétrica, petróleo e gás, que também deverão receber o maior volume de investimentos privados (93% do total das previsões).
Nessa área, há planos de ampliar em mais de 15% a geração e a transmissão de energia elétrica, construir 2.479 quilômetros de gasodutos e garantir a auto-suficiência na produção de petróleo.
A participação da iniciativa privada é de pouco mais de 10% dos projetos previstos na área de transportes, cuja meta é construir 5.500 quilômetros de rodovias e recuperar outros 43 mil quilômetros, além de construir 2.400 quilômetros de ferrovias e melhorar a navegabilidade em 10 mil quilômetros de hidrovias.



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