São Paulo, quarta-feira, 14 de setembro de 2005

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Bolsonaro leva à CPI militar que prendeu petista

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O depoimento de José Genoino à CPI do Mensalão foi marcado por acontecimentos inesperados.
O primeiro aconteceu quando o ex-presidente do PT já tinha começado a responder as perguntas. O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), adversário de Genoino, entrou na sessão com o coronel Lício Augusto Ribeiro Maciel.
Bolsonaro se define como um defensor das causas dos militares e é uma espécie de porta-voz das mulheres dos militares que reivindicam soldos maiores. Ele já bateu boca com o próprio Genoino e com outros parlamentares.
Em junho, a pedido de Bolsonaro, a Câmara realizou sessão solene em homenagem aos militares mortos no combate à guerrilha do Araguaia (1972-1974). A sessão foi marcada por uma série de ataques a Genoino. O plenário foi ocupado por cerca de 200 pessoas.
O coronel Maciel foi o responsável pela prisão e interrogatório de Genoino na época da guerrilha.
Ao ser informado da presença do coronel, o presidente da CPI do Mensalão, Amir Lando (PMDB-RO), pediu discretamente para Bolsonaro retirar o coronel da sala de audiência, mas a sua solicitação não foi atendida. Em seguida, atendendo a pedidos de parlamentares do PT e da própria oposição, Amir Lando exigiu a saída do coronel.
"Paguei a passagem dele (do coronel) e acho que, como cidadão, todo mundo pode acompanhar os depoimentos", disse Jair Bolsonaro. O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) criticou a presença do deputado carioca e do coronel na sessão. "Parece que ainda existem pessoas que estão com saudade da ditadura militar."

CPI do Orçamento
Outro fato inesperado foi o aparecimento da ex-deputada por Rondônia Raquel Cândido (PTB). Cassada em 1993 pela CPI do Orçamento, a deputada usou o depoimento de José Genoino à CPI do Mensalão como uma revanche contra o ex-colega, que fez parte da comissão de inquérito que culminou na sua cassação.
Visivelmente alterada, Cândido entrou na sala da CPI e ficou encarando Genoino. Ao sair da sala, a ex-deputada se ajoelhou no Salão Verde da Câmara e orou.
Gritando pelos corredores da Câmara, Raquel Cândido disse que voltaria ao término da sessão para chamar Genoino de "dedo-duro, vendilhão e traidor".
"Ele e outros negociaram minha cassação para salvar outros. Nunca roubei um centavo e fui acusada de desviar R$ 1 milhão do Orçamento", protestava.
Ela disse que ainda gostaria de ver outros, entre os quais citou a deputada Jandira Feghali (PC do B-RJ), no banco das CPIs. "Deus é fiel. O tempo dele é o da verdade. Hoje abri o jornal e decidi que tinha chegado a hora de ver meu algoz", disse a ex-deputada.


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