São Paulo, sexta-feira, 14 de setembro de 2007

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Articulador, Sarney conquistou votos entre tucanos e democratas

VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Fundamental. Essa é a definição de um auxiliar direto do presidente do Senado, Renan Calheiros, sobre o papel desempenhado pelo senador José Sarney (PMDB-AP) na sessão que julgou e absolveu o peemedebista de Alagoas.
A principal missão de Sarney, segundo aliados de Renan, foi pescar votos na oposição, entre os "demos" (ex-pefelistas) e tucanos principalmente, para compensar as traições.
Nas contas de alguns amigos, Sarney teria conseguido virar pelo menos quatro votos, número impossível de se comprovar numa votação secreta e diante das mentiras difundidas por vários senadores.
Sarney passou os dias que antecederam o julgamento em contato constante com Renan. Esteve com ele inclusive durante o último final de semana, articulando a estratégia para salvar o mandato do colega.
Na véspera da sessão do Senado, confidenciou que enxergava um "viés de alta" a favor de Renan, mas temia que o placar fosse apertado. Segundo a Folha apurou, o ex-presidente teria tentado trabalhar pelo menos os votos dos ex-pefelistas Efraim Morais (PB), Romeu Tuma (SP), Adelmir Santana (DF) e Heráclito Fortes (PI) e os tucanos Papaléo Paes (AP) e Flexa Ribeiro (PA).
Os renanzistas acreditam que pescaram no mínimo dois votos entre os tucanos e dois entre os democratas, sem contar o do senador Edison Lobão (DEM-MA), aliado de Sarney.
Dentro do DEM, os próprios senadores da sigla disseram ontem que sentiram a "pesada influência" do ex-presidente.
Sarney evita comentar seu trabalho a favor de Renan. Diz que não procurou nenhum senador para virar voto. Disse a colegas ontem que ficou quieto no plenário e que procurou ajudar seu colega de partido.
Além de desempenhar "papel fundamental", os auxiliares de Renan classificaram Sarney de "aliado fiel", que desde o início do processo teria dito ao senador que não pretendia disputar sua eventual sucessão. Segundo renanzistas, os planos de Sarney passam por voltar à presidência do Senado, mas não agora e sim nos dois últimos anos do mandato de Lula, para estar no posto na campanha presidencial de 2010.
Em seu trabalho pró-Renan, Sarney contou com a ajuda de sua filha, a senadora Roseana (PMDB-MA). Na véspera do julgamento, ela estava em São Luís (MA) para uma reunião agendada anteriormente. Retornou na madrugada para estar presente na votação.


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