São Paulo, sábado, 14 de outubro de 2000

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PELO BRASIL
Com 100% da apuração, apenas PT, PFL e PTB tiveram maior taxa de votos na comparação com as eleições de 1996, caso seja descontado o aumento do eleitorado
Só 3 partidos têm crescimento real de votos

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com 100% dos votos apurados no país é possível constatar três tendências entre os grandes partidos políticos brasileiros:
1) sete grandes - apenas sete siglas conseguiram obter individualmente mais de 5% do total de votos válidos no país, sendo cinco governistas (PSDB, PMDB, PFL, PPB e PTB) e duas de oposição (PT e PDT). Em 96, esses mesmos partidos foram os únicos a obter esse desempenho. Hoje, detêm 82,7% dos votos válidos do país;
2) só três têm crescimento de voto real - entre os sete grandes, apenas três (PFL, PTB e PT) conseguiram ter um aumento real de votos neste ano em relação a 96 (acima do aumento do eleitorado do país);
3) decadentes e ascendentes -entre os governistas, a sigla com desempenho mais sofrível é o PPB. Na oposição, o reinado do PDT como segundo maior partido está ameaçado pela ascensão de PSB e PPS.

O voto real
O aumento real de votos é aquele que fica acima do crescimento do número de eleitores que votou para prefeito neste ano em relação ao ano de 1996.
Em 1996, votaram para prefeito 74.111.869 eleitores. Neste ano, o número foi de 84.520.233 eleitores. Um aumento de 14%.
Assim como no cálculo do juro real cobrado em um empréstimo se considera a parcela da taxa que fica acima da inflação, o mesmo raciocínio serve para o crescimento real do voto dos partidos: tiveram aumento verdadeiro de votos apenas as agremiações que conquistaram acima de 14% dos votos de 1996.
Entre os grandes partidos, o PT ficou bem acima dos 14% de crescimento dos votos para prefeito. Teve 11,9 milhões de votos em seus candidatos -um aumento de 51,2% sobre 1996.
O PFL e o PTB também ficaram acima, com 28,8% e 33,3% a mais de votos sobre o que haviam obtido nas eleições municipais de 96.
O PSDB, que continua sendo o partido que mais votos teve no país, cresceu apenas 3,5% sobre sua votação de 96. Diminuiu sua participação no bolo eleitoral.
O PMDB também cresceu apenas 4,3%, ficando abaixo da evolução do eleitorado nacional, de 14%.
O pior desempenho entre as grandes siglas é o do PPB: queda de 30,3% sobre o número de votos que teve em 96.
O segundo pior desempenho ficou com o PDT, sigla que registrou 19,3% menos votos para prefeito neste ano do que em 96. E 34,2% menos prefeitos eleitos do que na última eleição.

Zona de transição
No grupo de partidos de oposição, duas siglas aproximaram-se da marca dos 5% dos votos válidos do país. O PSB (4,57% dos votos válidos) e o PPS (4,15%).
No caso do PSB, o partido parece consolidar sua posição em algumas cidades médias, como as capitais nordestinas Maceió (AL) e Natal (RN). Além disso, teve uma votação recorde na cidade de São Paulo com Luiza Erundina disputando a prefeitura.
O PPS teve um crescimento acentuado antes da eleição cooptando prefeitos com chances de reeleição. Tinha eleito 33 prefeitos em 1996, mas na véspera da eleição deste ano já estava com 150. Agora, pulou para 164.
Ambos, o PSB e o PPS, registraram aumentos de votos muito superiores ao do aumento do eleitorado nacional.
O PSB teve 2,8 milhões de votos em 96. Agora, foram 3,9 milhões. Um crescimento de 37,1%. O PPS saiu de 496 mil votos para 3,5 milhões -um aumento de 607,4%.
No caso dos partidos médios (PL e PSD), o crescimento real ficou apenas por conta do PL, com 28,9% a mais de votos agora do que em 96. O PL tem hoje a Prefeitura de Manaus (AM) e o prefeito disputa a reeleição.
Entre os nanicos, quase nenhuma modificação. Em conjunto tiveram um crescimento de 15,1% sobre os votos de 1996. Praticamente vegetaram na mesma posição, que tem sido em torno de 3% dos votos válidos do país.


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