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Associação Evangélica Brasileira lança documento criticando alianças entre presidenciáveis, pastores e bispos
Entidade evangélica critica "fisiologismo"
MARCELO BERABA
DIRETOR DA SUCURSAL DO RIO
RAFAEL CARIELLO
DA SUCURSAL DO RIO
Insatisfeita com a disputa travada pelos dois candidatos à Presidência pelos votos evangélicos no
segundo turno e a tentativa de várias igrejas de "encabrestar o rebanho de Deus", a Associação
Evangélica Brasileira (Aevb), seção de São Paulo, divulgou ontem
documento em que acusa de "puro fisiologismo" as novas alianças
formadas ao longo da semana.
Segundo o documento dirigido
à comunidade evangélica e que
tem o apoio da direção nacional
da Aevb, "o que estamos testemunhando entre o primeiro e o segundo turnos é pior do que vimos
nas vésperas das eleições de 6 de
outubro".
O documento, "A dança das
alianças", questiona os apoios que
bispos e pastores estão dando em
nome de suas igrejas com a promessa de transferência de votos
dos fiéis. "Não autorizamos ninguém a falar por nós. (...) Escolhemos em quem votar segundo nossas convicções e consciência. Não
queremos nada em troca. Apenas
que aqueles que escolhemos desempenhem suas funções com
responsabilidade, justiça, honestidade, solidariedade."
Em outro trecho, pede que Deus
não permita que "os púlpitos se
tornem meros palanques políticos", mas que "enfatizem nossa
dupla cidadania, sem precisar
vender o cidadão".
A Associação Evangélica Brasileira foi fundada em 1991, tem cerca de 13 mil filiados e é ligada à
Aliança Evangélica Mundial
(WEA). Embora agregue igrejas
pentecostais e neo-pentecostais, a
maioria de seus membros é de
igrejas evangélicas históricas, que
defendem uma participação política ética e rejeitam o que chamam de manipulação partidária.
O documento foi assinado pelo
presidente da Aevb de São Paulo,
pastor Carlos Bregantim, batista,
e por outros cinco pastores que
compõem a diretoria.
Entre os que assinam o documento está o pastor Levi Correa
de Araújo, da Igreja Batista de
Santo André e responsável pelo
Fórum Metropolitano de Cidadania, que convidou, no primeiro
turno, todos os candidatos a presidente e ao governo de São Paulo
para exporem seus programas.
No primeiro turno, as igrejas
evangélicas acompanharam o
candidato do PSB à Presidência,
Anthony Garotinho, presbiteriano. Em vários Estados, a proporção de votos de Garotinho ficou
próxima do percentual da população evangélica. Segundo o Censo 2000, 15,45% dos brasileiros
são evangélicos. Em 1991, representavam 9% da população.
O resultado oficial do primeiro
turno nem havia sido anunciado e
os dois presidenciáveis já disputavam o voto evangélico.
José Serra (PSDB) recebeu, na
quinta, o apoio de um dos dois setores da Assembléia de Deus, a
Convenção Nacional de Madureira. Seu presidente é pastor Manoel Ferreira (PPB), candidato ao
Senado pelo Rio e aliado de Garotinho no primeiro turno.
Luiz Inácio Lula da Silva, do PT,
tem o apoio da Igreja Universal,
liderada politicamente pelo deputado federal bispo Rodrigues (PL-RJ). "A Universal vai autorizar
seus líderes a falar em seus púlpitos e nas principais emissoras de
rádio evangélicas para apoiar Lula", disse ele na sexta.
A bancada evangélica de deputados federais também aumentou. De 48 parlamentares eleitos
em 98, deve passar a ter pelo menos 60 integrantes.
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