São Paulo, segunda-feira, 14 de outubro de 2002

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Associação Evangélica Brasileira lança documento criticando alianças entre presidenciáveis, pastores e bispos

Entidade evangélica critica "fisiologismo"

MARCELO BERABA
DIRETOR DA SUCURSAL DO RIO

RAFAEL CARIELLO
DA SUCURSAL DO RIO

Insatisfeita com a disputa travada pelos dois candidatos à Presidência pelos votos evangélicos no segundo turno e a tentativa de várias igrejas de "encabrestar o rebanho de Deus", a Associação Evangélica Brasileira (Aevb), seção de São Paulo, divulgou ontem documento em que acusa de "puro fisiologismo" as novas alianças formadas ao longo da semana.
Segundo o documento dirigido à comunidade evangélica e que tem o apoio da direção nacional da Aevb, "o que estamos testemunhando entre o primeiro e o segundo turnos é pior do que vimos nas vésperas das eleições de 6 de outubro".
O documento, "A dança das alianças", questiona os apoios que bispos e pastores estão dando em nome de suas igrejas com a promessa de transferência de votos dos fiéis. "Não autorizamos ninguém a falar por nós. (...) Escolhemos em quem votar segundo nossas convicções e consciência. Não queremos nada em troca. Apenas que aqueles que escolhemos desempenhem suas funções com responsabilidade, justiça, honestidade, solidariedade."
Em outro trecho, pede que Deus não permita que "os púlpitos se tornem meros palanques políticos", mas que "enfatizem nossa dupla cidadania, sem precisar vender o cidadão".
A Associação Evangélica Brasileira foi fundada em 1991, tem cerca de 13 mil filiados e é ligada à Aliança Evangélica Mundial (WEA). Embora agregue igrejas pentecostais e neo-pentecostais, a maioria de seus membros é de igrejas evangélicas históricas, que defendem uma participação política ética e rejeitam o que chamam de manipulação partidária.
O documento foi assinado pelo presidente da Aevb de São Paulo, pastor Carlos Bregantim, batista, e por outros cinco pastores que compõem a diretoria.
Entre os que assinam o documento está o pastor Levi Correa de Araújo, da Igreja Batista de Santo André e responsável pelo Fórum Metropolitano de Cidadania, que convidou, no primeiro turno, todos os candidatos a presidente e ao governo de São Paulo para exporem seus programas.
No primeiro turno, as igrejas evangélicas acompanharam o candidato do PSB à Presidência, Anthony Garotinho, presbiteriano. Em vários Estados, a proporção de votos de Garotinho ficou próxima do percentual da população evangélica. Segundo o Censo 2000, 15,45% dos brasileiros são evangélicos. Em 1991, representavam 9% da população.
O resultado oficial do primeiro turno nem havia sido anunciado e os dois presidenciáveis já disputavam o voto evangélico.
José Serra (PSDB) recebeu, na quinta, o apoio de um dos dois setores da Assembléia de Deus, a Convenção Nacional de Madureira. Seu presidente é pastor Manoel Ferreira (PPB), candidato ao Senado pelo Rio e aliado de Garotinho no primeiro turno.
Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, tem o apoio da Igreja Universal, liderada politicamente pelo deputado federal bispo Rodrigues (PL-RJ). "A Universal vai autorizar seus líderes a falar em seus púlpitos e nas principais emissoras de rádio evangélicas para apoiar Lula", disse ele na sexta.
A bancada evangélica de deputados federais também aumentou. De 48 parlamentares eleitos em 98, deve passar a ter pelo menos 60 integrantes.



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