|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Comitê LGBT que apóia Marta diz que publicidade é homofóbica e desagrega
PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL
O "Comitê LGBT (Lésbicas,
Gays, Bissexuais e Transgêneros) Marta Prefeita" divulgou
ontem um manifesto de repúdio à propaganda eleitoral da
candidata petista à Prefeitura
de São Paulo, na qual um locutor pergunta se o eleitor procurou saber se o candidato Gilberto Kassab (DEM) é casado e
se tem filhos. (O prefeito é solteiro, sem filhos.)
Considerada homofóbica, a
propaganda acertou em cheio o
orgulho dos militantes homossexuais do próprio PT.
Assinado por três militantes
gays do PT, o documento aponta cinco razões para considerar
"esse tipo de linha de campanha errado e inaceitável".
De acordo com o texto, a propaganda viola o direito à privacidade e à intimidade; reforça o
preconceito e a homofobia; é
uma crítica moralista e preconceituosa, que reitera a heteronormatividade; está em desacordo com a trajetória política
de Marta, que é pioneira na defesa do direito de mulheres e
homossexuais; e usa um argumento que "desagrega", afasta e
divide a base militante.
"Ficamos perplexos. Eu acho
que quem teve essa idéia infeliz
dialogou com o senso comum,
cometeu um equívoco eleitoral.
Então os gays casados, ou lésbicas, não podem ser bons políticos?", diz Julian Rodrigues, do
Setorial Nacional LGBT do PT.
O secretário da International
Lesbian and Gay Association
para a América Latina e Caribe,
Beto de Jesus, que também é
petista, considera a propaganda "um desastre". "A primeira
coisa que eu fiz hoje foi ligar para a direção do partido e dizer
que aquilo não podia estar
acontecendo, foi intolerável."
Beto diz que a direção do partido não tinha se dado conta.
Julian acredita que "a Marta
não está envolvida com isso".
"É coisa da coordenação da
campanha, do marketing", diz.
"É a velha tática "lulista-mensalônica", do "Eu não sabia'",
reage o coordenador da Diversidade Tucana, Wagner Gui
Tronolone, que diz ter um bom
relacionamento com os militantes gays do PT, "mas o embate eleitoral nos colocou em
posições diferentes".
Tronolone acredita que, "na
prática, a gestão do Kassab é
muito mais progressista que a
da Marta". "Quando o [Paulo]
Maluf a atacou na campanha de
2000, por defender questões
LTB, o comitê gay petista foi
desmontado", afirma.
"Imagine! Foi dentro do PT
que começou a luta partidária
LGBT. Se hoje existe diversidade tucana, no DEM, no PMDB,
é fruto da luta de anos dos gays
petistas", diz Beto.
No fim do manifesto, os signatários solicitam ao PT que
retire "imediatamente esses
questionamentos preconceituosos do ar".
Texto Anterior: Eu voto em Próximo Texto: Frase Índice
|