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Pesquisa revela produção baixa de assentados
Levantamento pedido pela CNA ao Ibope mostra que 47,7% dos beneficiados não produzem o suficiente para a própria família
MST e Incra afirmam que amostragem é insuficiente para conclusões; instituto rebateu com números que apontam direção contrária
JOHANNA NUBLAT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A CNA (Confederação da
Agricultura e Pecuária do Brasil) apresentou ontem uma
pesquisa encomendada ao Ibope que mostra que 47,7% das
propriedades em assentamentos rurais consolidados não
produzem nem o suficiente para a família e que 75% dos assentados não têm um dos principais créditos rurais, o Pronaf.
O Incra (Instituto Nacional
de Colonização e Reforma
Agrária) e o MST (Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra) disseram que a amostra
da pesquisa é malfeita e insuficiente para tirar conclusões.
O estudo foi divulgado uma
semana após a destruição, por
integrantes do MST, de um laranjal no interior de São Paulo.
O Ibope fez mil entrevistas
em nove assentamentos em nove Estados (BA, GO, MA, MG,
MT, PA, PE, SP e TO). A margem de erro é de três pontos
percentuais. Os ouvidos representam 0,1% das 920.861 famílias assentadas, diz o Incra.
A pesquisa mostra ainda que
72,3% das propriedades não geram renda com a produção e
que 37% das famílias têm renda
de até um salário mínimo. Como a média é de 4,3 pessoas por
família, o dado mostra que a situação de boa parte dos assentados é de extrema pobreza, diz
Marcelo Garcia, secretário-executivo do Instituto CNA.
Ainda segundo a pesquisa,
46% dos assentados disseram
ter comprado a terra de terceiros. A CNA não soube dizer, porém, se a venda era regular.
A qualificação aparece como
baixa: 83% dos entrevistados
afirmaram nunca ter feito um
curso de qualificação profissional. São analfabetos 21% dos
chefes de família, e outros 47%
estudaram apenas até a 4ª série
do Ensino Fundamental.
Para rebater a pesquisa, o
presidente do Incra, Rolf Hackbart, apresentou outros dados:
R$ 4 bilhões em créditos para
instalação desde 2003, levantamento de 2004 que mostra que
menos de 10% das famílias venderam a terra ilegalmente e investimento de R$ 50 milhões
em educação em 2008.)
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