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CONTAS DA REELEIÇÃO
Partido se reúne para eleger porta-voz para falar do caso e traçar estratégia para preservar presidente FHC de dar explicações
PSDB admite possíveis "erros formais"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O PSDB admite que "pode haver erros formais" na prestação de
contas da campanha de FHC em
98 e crê que a planilha secreta que
mostrou omissão de doações no
valor de R$ 10,12 milhões "provavelmente é uma intenção de captação de recursos que não se concretizou", segundo o secretário-geral da sigla, o deputado federal
Márcio Fortes (RJ).
Escalado para falar em nome da
cúpula tucana, Fortes participou
de uma reunião ontem de manhã
na qual foi definida estratégia do
partido para o episódio:
1) Tirar do presidente Fernando
Henrique Cardoso a responsabilidade por dar explicações e falar
que se trata de um assunto da coligação de partidos que o apoiou
(PSDB, PFL, PTB e PPB). O
PMDB, apesar de apoiar FHC,
não participou oficialmente.
2) Evitar que os ministros Aloysio Nunes Ferreira (Secretaria Geral) e, especialmente, Andrea Matarazzo (Comunicação de Governo) dêem declarações até que haja
certeza de que a Folha não tenha
mais novas reportagens.
Matarazzo aparece na planilha
como responsável por uma contribuição de R$ 3 milhões que não
foi declarada ao TSE (Tribunal
Superior Eleitoral).
3) Bater na tecla de que o caixa-dois é uma prática de políticos da
oposição e da situação. Ontem,
tucanos insinuaram que haveria
caixa-dois na campanha de Luiz
Inácio Lula da Silva, que disputou
contra FHC em 1998.
O líder do governo no Congresso, Arthur Virgílio (AM), disse
ontem que prepara um requerimento para pedir à Justiça Eleitoral informações sobre os gastos de
vereadores, deputados estaduais e
federais e senadores eleitores desde 1994.
Virgílio promete pedir ainda informações, desde 1994, sobre os
gastos de todos os candidatos a
governador e a vice e a presidente
e a vice. "A nação vai se divertir
com esses dados, pois será desvendada uma hipocrisia."
A reunião que definiu a estratégia do PSDB aconteceu de manhã
na casa do líder do PSDB no Senado, Sérgio Machado. Além de
Fortes e de Machado, participaram os ministros Aloysio e Matarazzo e o líder do governo no Senado, José Roberto Arruda (DF).
À tarde, o ministro Aloysio esteve com FHC no Palácio da Alvorada e relatou o procedimento da
cúpula tucana.
Senado
No Senado, os tucanos colocaram em prática parte da estratégia. Arruda disse que todos os recursos recebidos pela campanha
da reeleição foram contabilizados. ""Se alguma campanha escondeu alguma coisa não foi a do
presidente Fernando Henrique. O
valor declarado pela campanha
do Lula foi 19 vezes menor", disse.
Ao defender o governo em plenário, o líder do PSDB, Sérgio Machado (CE), desviou o assunto para o PT.
""O valor arrecadado na campanha do presidente foi 19 vezes
maior do que o valor declarado
pelo adversário, que foi de R$ 2
milhões. Se declaramos esse valor,
é porque não havia razão para esconder qualquer coisa", afirmou.
Segundo ele, se for para investigar as contas da campanha de
FHC, terá de ser investigada também a prestação da campanha de
Lula. Romero Jucá (PSDB-RR)
chamou o petista ironicamente de
"o rei da economia".
"Acho difícil fazer uma campanha a presidente da República
com R$ 2 milhões. Se algumas
campanhas estão supervalorizadas, outras estão subvalorizadas."
Fórum
Os senadores petistas Eduardo
Suplicy (PT-SP) e José Eduardo
Dutra (PT-SE) concordaram na
hora com a sugestão dos tucanos
e já queriam estabelecer o fórum
de investigação das duas campanhas. Mas os tucanos não levaram
à frente à proposta. Machado e Jucá afirmaram que a investigação
deveria estar a cargo do TSE.
(KENNEDY ALENCAR E RAQUEL ULHÔA)
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