|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TRANSIÇÃO
"Creio que o PSB tem outros quadros para compor o governo", diz ex-governador; José Dirceu faz convite ao PTB
Garotinho descarta pasta no governo Lula
DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
O candidato derrotado à Presidência pelo PSB, Anthony Garotinho, rejeitou ontem a possibilidade de ser ministro do governo de
Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"Creio que o PSB tem outros
quadros para compor o governo,
se for da vontade de Lula. De minha parte, não serei ministro", declarou Garotinho, após reunir-se
a portas fechadas com o presidente nacional do PT, deputado federal José Dirceu, em Brasília.
Apesar da negativa, Dirceu disse que o PT quer Garotinho desempenhando "muitas tarefas":
"Ele agora quer descansar, mas
nós daremos tarefas a ele, queremos que participe politicamente
do governo". O petista chegou a
brincar com a decisão do ex-candidato. "Ele é jovem e quer é se
candidatar a presidente de novo."
Pela manhã, a Executiva do PSB
reuniu-se e decidiu dar apoio ao
governo Lula, apesar de ter deixado claro que há divergências entre
o projeto do partido e a plataforma petista, por exemplo, na definição do valor do salário mínimo.
O partido indicou que espera
apenas um convite do presidente
eleito para ingressar no governo.
"Apoiamos Lula pelo fato de ele
ter sido uma figura próxima de
nossa história durante muito
tempo. Agora, a questão de participar ou não do governo depende
apenas do PT", disse o presidente
do PSB, Miguel Arraes. Também
presente à reunião, Garotinho
disse que o apoio é "incondicional". "Nossas divergências permanecem. Continuo defendendo,
como na campanha, um salário
mínimo de R$ 280, mas essa decisão agora é dos petistas", afirmou.
Também no PPS do ex-presidenciável Ciro Gomes houve indicações de que um aceno de Lula
seria bem-vindo. Lideranças do
partido deverão levar a dirigentes
petistas, nos próximos dias, um
documento por escrito explicitando o interesse do partido em
integrar a base do governo.
"Apitamos o pênalti, resta ao
Lula decidir se vai cobrar", resume o líder do partido na Câmara,
João Herrmann, que reitera que o
partido não está pedindo cargos.
José Dirceu reuniu-se ainda
com líderes do PC do B e do PTB e
convidou as duas legendas a participar do governo, mas disse não
ter tratado de cargos: "A questão
da composição do governo ficará
para a semana que vem. O momento é de construir uma base de
governabilidade no Congresso".
Dirceu disse ainda que no início
do governo petista não será necessário obter quórum qualificado no Congresso para aprovar
emendas constitucionais. As
principais medidas das reformas
tributária e previdenciária, segundo ele, serão feitas por legislação
ordinária.
(FÁBIO ZANINI)
Texto Anterior: Ex-embaixador cita Jango para falar do PT Próximo Texto: PMDB volta a ser a maior sigla no Senado Índice
|