São Paulo, quinta-feira, 14 de novembro de 2002

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TRANSIÇÃO

"Creio que o PSB tem outros quadros para compor o governo", diz ex-governador; José Dirceu faz convite ao PTB

Garotinho descarta pasta no governo Lula

DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

O candidato derrotado à Presidência pelo PSB, Anthony Garotinho, rejeitou ontem a possibilidade de ser ministro do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"Creio que o PSB tem outros quadros para compor o governo, se for da vontade de Lula. De minha parte, não serei ministro", declarou Garotinho, após reunir-se a portas fechadas com o presidente nacional do PT, deputado federal José Dirceu, em Brasília.
Apesar da negativa, Dirceu disse que o PT quer Garotinho desempenhando "muitas tarefas": "Ele agora quer descansar, mas nós daremos tarefas a ele, queremos que participe politicamente do governo". O petista chegou a brincar com a decisão do ex-candidato. "Ele é jovem e quer é se candidatar a presidente de novo."
Pela manhã, a Executiva do PSB reuniu-se e decidiu dar apoio ao governo Lula, apesar de ter deixado claro que há divergências entre o projeto do partido e a plataforma petista, por exemplo, na definição do valor do salário mínimo.
O partido indicou que espera apenas um convite do presidente eleito para ingressar no governo.
"Apoiamos Lula pelo fato de ele ter sido uma figura próxima de nossa história durante muito tempo. Agora, a questão de participar ou não do governo depende apenas do PT", disse o presidente do PSB, Miguel Arraes. Também presente à reunião, Garotinho disse que o apoio é "incondicional". "Nossas divergências permanecem. Continuo defendendo, como na campanha, um salário mínimo de R$ 280, mas essa decisão agora é dos petistas", afirmou.
Também no PPS do ex-presidenciável Ciro Gomes houve indicações de que um aceno de Lula seria bem-vindo. Lideranças do partido deverão levar a dirigentes petistas, nos próximos dias, um documento por escrito explicitando o interesse do partido em integrar a base do governo.
"Apitamos o pênalti, resta ao Lula decidir se vai cobrar", resume o líder do partido na Câmara, João Herrmann, que reitera que o partido não está pedindo cargos.
José Dirceu reuniu-se ainda com líderes do PC do B e do PTB e convidou as duas legendas a participar do governo, mas disse não ter tratado de cargos: "A questão da composição do governo ficará para a semana que vem. O momento é de construir uma base de governabilidade no Congresso".
Dirceu disse ainda que no início do governo petista não será necessário obter quórum qualificado no Congresso para aprovar emendas constitucionais. As principais medidas das reformas tributária e previdenciária, segundo ele, serão feitas por legislação ordinária. (FÁBIO ZANINI)


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