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TROTE MILITAR
Imagens de quartel em Curitiba mostram choques elétricos e afogamentos
Exército apura torturas em novatos
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RIO
O Exército abriu sindicância
para investigar torturas praticadas por terceiros-sargentos veteranos contra recém-formados
em quartel de Curitiba.
Imagens de trote a terceiros-sargentos novatos na 2ª Companhia de Fuzileiros do 20º Batalhão de Infantaria Blindado do
Exército mostram choques elétricos, afogamentos com balde
de água, aplicações de ferro de
passar roupa na pele e chineladas de veteranos em novatos.
As cenas lembram as imagem
de tortura promovidas por militares americanos a presos de
Abu Ghraib, no Iraque.
As filmagens e fotos, feitas em
agosto deste ano, foram ao ar ontem à noite no programa "Fantástico", da Rede Globo.
Nota oficial divulgada pelo
Exército afirma que as imagens
são "verídicas" e anuncia ter
aberto sindicância para "apurar
os fatos e punir os responsáveis".
O trote nos "lobinhos", como
são chamados os novatos, é aplicado por veteranos da 2ª Companhia de Fuzileiros, conhecida
como "Pantera".
As primeiras imagens mostram o terceiro-sargento identificado como Murilo sendo imobilizado, dentro do quarto, levando choques na barriga e tendo um ferro de passar roupa
quente aplicado em suas orelhas.
Murilo grita, enquanto os outros
militares riem.
Em seguida, o novato é levado
para sessões de afogamento no
banheiro. Mesmo engasgando,
ele é obrigado a pedir "socorro,
Pires", que seria um veterano.
Quem lidera o grupo é um militar identificado apenas como
Medeiros, que está sem camisa e
usando uma touca preta. Murilo
é deixado no banheiro com uma
cueca na cabeça.
O segundo a levar o trote é o
sargento Marcos José Pacheco.
Em pânico, ele grita muito quando militares ameaçam queimá-lo com ferro de passar roupa.
Depois, ele passa por uma sessão
de afogamento e é obrigado a repetir "eu amo os antigões".
Pacheco, já passando mal, é
obrigado a ler o juramento da
companhia: "Respeitar os sargentos mais antigos, receber todas as missões passadas, pagar o
churrasco sem ponderação. Não
chorar para o subtenente. E, se
preciso for, derramar o próprio
sangue em prol da tradição do
pacote [trote] da 2ª Companhia
Pantera Brasil". Fotos de Pacheco também seriam mostradas.
Segundo o "Fantástico", também são submetidos à tortura os
sargentos Edvaldo Rodrigues da
Silva, Giovani Moscatelli e Marcelo Sales Correa.
Dois dos responsáveis pela filmagem, que segundo o perito
Vanderson Castilho, especialista
em crimes eletrônicos, foi feita
com uma máquina fotográfica
digital, seriam os sargentos Deyvison Chelis e Maurício Schiavon Ramos. Também foram
identificados os sargentos Sérgio
Ferraz e Rafael Rosetti.
O chefe do Centro de Comunicação Social do Exército, coronel
Carlos Barcellos, considera a
conduta de "agressão física e
moral em qualquer tipo de atividade, inclusive na instituição militar, é totalmente inaceitável.
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