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Dilma é a minha candidata, diz Lula
Em Roma, presidente fala que a expectativa é que ministra seja o nome do PT em 2010 com apoio da base aliada
Declarações foram dadas a jornais da Itália; a jornalistas brasileiros, o petista diz que ainda não conversou sobre o tema com sua subordinada
MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A ROMA
Na declaração mais direta até
agora sobre sua preferência em
relação à sucessão presidencial
de 2010, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou claro
ontem, no último ato de sua
passagem pela Itália, que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, é a sua escolhida.
Embora ressalvando que ainda considera cedo para falar sobre o próximo presidente, Lula
disse a jornalistas brasileiros
em Roma, pouco antes de embarcar rumo a Washington, que
Dilma é qualificada para o cargo e especulou que ela receberia apoio não apenas do PT.
"Acho que ela pode ser uma
boa candidata para o Brasil",
disse o presidente, garantindo
que ainda não conversou com a
ministra sobre a possibilidade,
"Sequer conversei com a ministra. Mas quem conhece a Dilma
sabe que ela tem potencial e
que poderá ser escolhida inclusive pelos partidos da base aliada, não apenas pelo PT".
A explicação do presidente
foi motivada por uma entrevista concedida na véspera a cinco
jornais da Itália. Curiosamente, cada jornal publicou a mesma declaração de Lula sobre a
sucessão, com leves variações,
mas sua preferência ficou clara.
Segundo o "Corriere della Sera", Lula disse que "já tinha um
nome na cabeça, o de Dilma
Rousseff". O próprio presidente diria depois que apenas o
diário comunista "Il Manifesto" o citou corretamente. A versão do jornal foi a seguinte:
"Creio que o PT deve construir
uma base sólida para levar
adiante o projeto que estamos
implantando no Brasil. Trabalho com a hipótese de que o
candidato será do PT. O partido
vai discutir a sua candidatura e
eu já repeti mais de uma vez
que a minha ministra-chefe da
Casa Civil, Dilma Rousseff, tem
potencial extraordinário para
ser a candidata".
Dilma, que ontem acompanhou o presidente e outros três
ministros na visita ao papa
Bento 16, não foi encontrada
pela Folha para se manifestar
sobre as declarações de Lula.
Mais tarde, diante da curiosidade dos jornalistas brasileiros
sobre a sua preferência, Lula
sorriu e falou que não considera oportuno discutir no momento a sua sucessão. Até
2010, disse, a prioridade será o
PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento), cuja maternidade Lula atribui à Dilma.
"Primeiro tenho que construir uma candidatura junto à
base aliada. Nós temos tempo
para isso porque 2009 é um
ano de consagração do PAC",
disse. "Quem estiver pensando
que eu vou fazer campanha em
2009 pode tirar da agenda".
O presidente disse que conta
com a "maturidade" da base
aliada para não "atrapalhar" as
obras do PAC com discussões
sobre a sucessão. "O que conta
para o Brasil não é mais uma
eleição, mas as obras que o povo brasileiro tanto espera."
A imprensa italiana deu mais
destaque às declarações de Lula sobre política externa, sobretudo ao conselho que deu ao
presidente eleito dos EUA, Barack Obama, para que suspenda o embargo a Cuba. Mas todos os jornais registraram a
saudade antecipada que o presidente já sente do poder.
"Eu já tenho saudade, porque a próxima campanha presidencial será a primeira desde
1989 na qual não serei candidato", disse Lula, na versão do
"Corriere della Sera".
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