São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 2008

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Dilma é a minha candidata, diz Lula

Em Roma, presidente fala que a expectativa é que ministra seja o nome do PT em 2010 com apoio da base aliada

Declarações foram dadas a jornais da Itália; a jornalistas brasileiros, o petista diz que ainda não conversou sobre o tema com sua subordinada

MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A ROMA

Na declaração mais direta até agora sobre sua preferência em relação à sucessão presidencial de 2010, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou claro ontem, no último ato de sua passagem pela Itália, que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, é a sua escolhida.
Embora ressalvando que ainda considera cedo para falar sobre o próximo presidente, Lula disse a jornalistas brasileiros em Roma, pouco antes de embarcar rumo a Washington, que Dilma é qualificada para o cargo e especulou que ela receberia apoio não apenas do PT.
"Acho que ela pode ser uma boa candidata para o Brasil", disse o presidente, garantindo que ainda não conversou com a ministra sobre a possibilidade, "Sequer conversei com a ministra. Mas quem conhece a Dilma sabe que ela tem potencial e que poderá ser escolhida inclusive pelos partidos da base aliada, não apenas pelo PT".
A explicação do presidente foi motivada por uma entrevista concedida na véspera a cinco jornais da Itália. Curiosamente, cada jornal publicou a mesma declaração de Lula sobre a sucessão, com leves variações, mas sua preferência ficou clara.
Segundo o "Corriere della Sera", Lula disse que "já tinha um nome na cabeça, o de Dilma Rousseff". O próprio presidente diria depois que apenas o diário comunista "Il Manifesto" o citou corretamente. A versão do jornal foi a seguinte: "Creio que o PT deve construir uma base sólida para levar adiante o projeto que estamos implantando no Brasil. Trabalho com a hipótese de que o candidato será do PT. O partido vai discutir a sua candidatura e eu já repeti mais de uma vez que a minha ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, tem potencial extraordinário para ser a candidata".
Dilma, que ontem acompanhou o presidente e outros três ministros na visita ao papa Bento 16, não foi encontrada pela Folha para se manifestar sobre as declarações de Lula.
Mais tarde, diante da curiosidade dos jornalistas brasileiros sobre a sua preferência, Lula sorriu e falou que não considera oportuno discutir no momento a sua sucessão. Até 2010, disse, a prioridade será o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), cuja maternidade Lula atribui à Dilma.
"Primeiro tenho que construir uma candidatura junto à base aliada. Nós temos tempo para isso porque 2009 é um ano de consagração do PAC", disse. "Quem estiver pensando que eu vou fazer campanha em 2009 pode tirar da agenda".
O presidente disse que conta com a "maturidade" da base aliada para não "atrapalhar" as obras do PAC com discussões sobre a sucessão. "O que conta para o Brasil não é mais uma eleição, mas as obras que o povo brasileiro tanto espera."
A imprensa italiana deu mais destaque às declarações de Lula sobre política externa, sobretudo ao conselho que deu ao presidente eleito dos EUA, Barack Obama, para que suspenda o embargo a Cuba. Mas todos os jornais registraram a saudade antecipada que o presidente já sente do poder.
"Eu já tenho saudade, porque a próxima campanha presidencial será a primeira desde 1989 na qual não serei candidato", disse Lula, na versão do "Corriere della Sera".


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