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PERFIL
Cargo exige "caneladas",
afirma Furlan
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Para o futuro ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, empresário Luiz
Fernando Furlan, 55, a pasta exige
boa dose de "impetuosidade" e
disposição para dar "caneladas",
recomendações que fez a ocupantes do cargo no governo FHC.
A escolha desse engenheiro catarinense, presidente do Conselho de Administração da Sadia,
empresta ao governo Lula a imagem do líder empresarial e exportador bem-sucedido. E devolve ao
cargo a expectativa de o país vir a
ter uma política industrial. Esse é
um sonho antigo de outros empresários que deixaram o ministério por trombar com os condutores da política econômica.
Furlan conhece os desafios que
terá. Mas pode pedir sugestões a
um ex-titular da pasta que lhe é
muito próximo: Alcides Tápias,
membro do Conselho da Sadia.
Quando FHC indicou o cientista político Celso Lafer para a mesma pasta, Furlan disse que aquela
escalação não era para ganhar
campeonato, mas a de "um time
para jogar pelo empate".
Furlan grita contra a competição desleal da União Européia e
contra o protecionismo dos EUA.
Mas admite que a integração à Alca depende de negociações.
Em 94, Furlan via o Mercosul
como o caminho para o Brasil
chegar a associações com outros
blocos, assim como tem declarado o senador eleito Aloizio Mercadante (PT-SP).
No mês passado, ele propôs a
formação de um "exército de 10
milhões de pessoas para o combate à fome". "Há um largo contingente populacional que ainda não
come frango, porque não tem
renda", dizia Furlan em 98. Bateu
forte, em 99, quando FHC pediu à
população para combater os aumentos da cesta básica: "O governo repassa ao consumidor o preço da sua incompetência."
Corinthiano, "workaholic", fez
a internacionalização da Sadia.
Neto do fundador do grupo, Attílio Fontana, diz que, na Guerra do
Golfo, viajou para cobrar do Iraque o pagamento de três navios
carregados de frango. É um dos
raros empresários que comparece
aos fóruns internacionais, inclusive ao de Davos, na Suiça.
Bem articulado, Furlan foi ao
jantar que antecipou, em 94, a
candidatura presidencial de FHC.
Em maio último, foi ao jantar de
adesão a Serra, mas não declarou
o voto na visita do tucano à Fiesp.
Em 94, se dizia "preocupado
com a vitória de Lula", mas via
"evolução" nas teses do PT. Em
98, disse que a proposta do PT era
"recheada de boas intenções".
Neste ano, antes das eleições,
exortou o empresariado a lutar
por "um país mais justo, com efetiva inclusão social". E recorreu a
um verso que já foi subversivo e
ainda soa como música para os
petistas: "Quem sabe faz a hora,
não espera acontecer".
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