DA REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado federal e senador eleito Aloizio Mercadante (PT-SP), apontado como um dos principais "padrinhos" da escolha do ex-banqueiro Henrique Meirelles para a presidência do Banco Central, incluiu o BankBoston (presidido à época por Meirelles) entre os bancos apontados por ele como beneficiários da desvalorização do real em 1999.
Em depoimento à CPI dos Bancos, que apurava o suposto vazamento de informações privilegiadas pelo BC a algumas instituições financeiras às vésperas da desvalorização, Mercadante afirmou em 99 que bancos apostaram na desvalorização e tiveram lucro em operações no mercado futuro e à vista do dólar.
O real foi desvalorizado no dia 13 de janeiro, marcando o fim de uma aposta de mais de quatro anos na manutenção do câmbio quase em paridade com o dólar.
Mercadante sustentou à época que a aposta na desvalorização não foi generalizada, o que fundamentaria a tese de que alguns bancos teriam recebido informação privilegiada. Segundo tabela então confeccionada por ele, seis instituições financeiras teriam mudado bruscamente de comportamento no mercado de dólar à vista entre os dias 11 e 12 de janeiro, às vésperas da desvalorização. Entre elas, o BankBoston.
No dia 11, o mercado de dólar à vista fechou registrando a venda de US$ 908,6 milhões. No dia seguinte, a virada: as operações de compra fecharam com saldo de US$ 120 milhões. O movimento foi capitaneado por poucas instituições. Só o BankBoston comprou, no dia 12, US$ 51 milhões.
Segundo Mercadante, o banco constou de uma relação divulgada por ele na época em razão da "mudança de sua posição no mercado à vista". Isso por si só não levanta suspeita, disse ontem o petista, já que havia clima de incerteza no mercado com mudanças na diretoria do BC e muitas posições mudaram em decorrência.
Na opinião do senador eleito, Meirelles, como presidente mundial do BankBoston, não tinha interferência direta sobre as operações da filial no Brasil.


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