São Paulo, quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

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Painel

Renata Lo Prete - painel@uol.com.br

Nas nuvens

O inferno nos aeroportos não atrapalhou, ao menos por ora, a lua-de-mel de Lula com o eleitorado. Pesquisa fechada na virada do mês pelo Ipsos Opinion mostra o presidente com 60% de avaliação ótima ou boa. A despeito de ligeiro recuo em relação ao levantamento anterior (63%), trata-se de patamar elevado sob qualquer ponto de vista. Na edição mais recente do "Pulso Brasil", pesquisa mensal feita pelo Ipsos, apenas 5% dos entrevistados mencionam o apagão aéreo como um problema -em 2005, no auge do terremoto político, o mensalão era citado por 71%. Quem se debruçou sobre os números avalia que a crise aérea, embora tenha entrado na agenda, afetou concretamente a vida de parcela minoritária da população.

Censura prévia 1. Pouco antes de serem recebidos no Planalto, líderes da CUT, MST e UNE foram abordados por assessores da Secretaria Geral da Presidência. Eles pediam mudanças no documento que seria entregue a Lula.

Censura prévia 2. Os assessores sugeriram às entidades que declarassem reconhecer avanços do governo nas áreas econômica e de desenvolvimento sustentável. Os representantes dos movimentos sociais se recusaram a fazer as "emendas".

Loco por ti. O presidente quer pôr o AeroLula para voar logo no início do segundo mandato. Programou viagem à Nicarágua em 17 de janeiro, na posse de Daniel Ortega. Manifestou ainda o desejo de ir a Cuba no período de festas pelos 48 anos da revolução.

Sonho meu. Desempregado a partir de janeiro, Zeca do PT está em campanha para ser embaixador no Paraguai. A imunidade diplomática viria a calhar. Mas os planos do governador de Mato Grosso do Sul esbarram no Itamaraty, que defende a indicação apenas de funcionários de carreira para tais postos.

Magoei. Mesmo enroscado no dossiê, Ricardo Berzoini achou por bem manifestar sua contrariedade com a sucessão no BB, onde o interino Lima Neto caminha para ser confirmado como substituto de Rossano Maranhão. O presidente licenciado do PT queria porque queria emplacar Sergio Rosa, da Previ.

Coincidência. Na conversa que terá com Lula, o PP vai sugerir que emendas parlamentares para saneamento básico fiquem livres de bloqueios. A área é subordinada ao Ministério das Cidades, atualmente sob o comando do partido.

Bem na fita. Pesquisa do instituto Nexus para o TSE aponta a Justiça Eleitoral como a mais bem avaliada entre dez instituições, com 62,4% de apreciação positiva. A urna eletrônica foi aprovada por 97,7% dos entrevistados.

A pé. Contrariados com as previsões de favoritismo de Aldo Rebelo (PC do B-SP) na disputa pela presidência da Câmara, petistas apelam para as apostas. "Vendo meu carro se o Chinaglia não ganhar", dizia Fernando Ferro (PT-PE) ontem no Salão Verde.

Sina. Heloisa Helena (PSOL-AL) não deixou de incomodar o PT nem em sua despedida do Senado. O partido tinha marcado para a mesma hora o anúncio da filiação de Augusto Botelho (RR), ex-PDT. "Vamos ter de adiar", dizia, espumando, Ideli Salvatti (PT-SC), diante do sucesso de público do discurso de HH.

Ídolos. Foi animado o churrasco de fim de ano dos senadores do PT, anteontem à noite. Sibá Machado (AC) surpreendeu os colegas pela destreza com a viola. Já Delcídio Amaral (MS) se destacou cantando "Chalana", tradicional música da região do Pantanal.

Incerta. Ao lado de três auxiliares, Gilberto Kassab fez ontem, sem aviso prévio, um périplo de três horas e meia pelo transporte público paulistano. Surpresa: foi reconhecido por diversos passageiros.

Tiroteio

"Desempenho haitiano, salário britânico. É a mediocracia brasileira em funcionamento".
De CLAUDIO WEBER ABRAMO, diretor da Transparência Brasil, sobre o projeto dos parlamentares para dobrar seu próprio salário, equiparando-o ao dos ministros do Supremo Tribunal Federal.

Contraponto

Passar bem

A campanha por uma vaga no TCU levou o petista Paulo Delgado a fazer intenso corpo-a corpo na Câmara. No dia da eleição, o deputado abordou no Salão Verde João Fontes, expulso do PT em 2004 e hoje filiado ao PDT.
-Paulinho, você nunca me deu nem bom dia nem boa tarde. Como é que agora vem pedir meu voto?
-Nunca é tarde para recomeçar...-, tentou Delgado.
-É tarde, sim. São 18h, e eu estou em final de mandato. Tchau!-, respondeu Fontes, que, assim como Delgado, não conseguiu se reeleger em outubro.
No TCU, acabou vitorioso o pefelista Aroldo Cedraz.


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