Cerimônia, marcada para hoje, vai se realizar no Palácio das Araucárias, em Curitiba

Pastoral da Criança pede que, em vez de coroas de flores, os interessados em homenagear médica façam doações para a entidade

Daniel Castellano/"Gazeta do Povo"

Voluntárias da Pastoral da Criança (de branco) que atuam no bairro Sítio Cercado, em Curitiba

ESTELITA HASS CARAZZAI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

Dezenas de caravanas de todo o país são esperadas para o velório da médica sanitarista e fundadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns Neumann, 75, marcado para hoje em Curitiba, no Palácio das Araucárias, sede do governo do Paraná.
Segundo informações dos familiares, o corpo de Zilda, trazido em avião da Força Aérea Brasileira, saiu do Haiti ontem à noite e deve chegar a Brasília durante a madrugada.
De Brasília, o chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, que tem mantido contato constante com parentes da médica, acompanhará o traslado do corpo até Curitiba, com previsão de chegar à cidade por volta das 10h. O corpo seguirá diretamente do aeroporto para o Palácio das Araucárias.
Zilda morreu na terça-feira, vítima do terremoto que atingiu o Haiti. A médica viajou para participar de conferência religiosa e compartilhar a experiência da pastoral, que planejava implantar naquele país.
A Pastoral da Criança espera caravanas formadas por líderes da instituição que vão prestar a última homenagem à médica. Zilda morava desde a infância em Curitiba, cidade onde fica a sede nacional da entidade.
Ontem, o senador Flávio Arns (PSDB), sobrinho de Zilda que foi ao Haiti para buscar o corpo da tia, relatou à Pastoral da Criança o momento da morte da médica sanitarista.
Segundo nota divulgada pela instituição, Zilda estava em uma igreja, onde havia acabado de fazer uma palestra sobre o trabalho da Pastoral da Criança para cerca de 150 pessoas.
"Ela estava conversando com um sacerdote. De repente, começou o tremor. O padre que estava conversando com ela deu um passo para o lado, e a doutora Zilda recuou um passo e foi atingida diretamente na cabeça, quando o teto desabou. Ela morreu na hora", disse o senador, segundo a nota.
De acordo com as informações atribuídas ao senador, Zilda não foi soterrada: o único ferimento em seu corpo era o da cabeça. O sacerdote que conversava com ela sobreviveu. Os outros 15 que estavam próximos morreram, diz a nota.

Cerimônia
Estarão presentes na cerimônia o presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), dom Geraldo Lyrio Rocha, o arcebispo de Salvador e cardeal primaz do Brasil, dom Geraldo Majella Agnelo (um dos fundadores da Pastoral Internacional da Criança), e o governador de São Paulo, José Serra (PSDB).
Há a possibilidade de o presidente Lula, que está em São Luís, ir ao velório.
Zilda deve ser enterrada na tarde de amanhã no Cemitério Água Verde, em Curitiba, onde estão os corpos de seu marido e de dois de seus filhos. A cerimônia acontecerá após a celebração, também no Palácio das Araucárias, de uma missa, marcada para as 14h.
A Pastoral da Criança pediu ontem que, em vez de coroas de flores, quem quiser homenagear a médica faça uma doação para a instituição.
Atualmente, Zilda trabalhava como coordenadora da Pastoral da Pessoa Idosa, que também ajudou a fundar, em 2004, e da Pastoral Internacional da Criança, presente em 20 países.