São Paulo, quinta-feira, 15 de fevereiro de 2001

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CONGRESSO

Inocêncio esperava ter 220 votos, mas traições no próprio PFL contribuíram para vitória folgada do tucano no primeiro turno

Aécio vence Inocêncio por 283 votos a 117

Beto Barata/Folha Imagem
O novo presidente da Câmara, o deputado Aécio Neves (PSDB-MG), reza na Catedral de Brasília


LUIZA DAMÉ
DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado tucano Aécio Neves (MG) foi eleito ontem presidente da Câmara, derrotando o candidato do PFL, Inocêncio Oliveira (PE), no primeiro turno de votação. Aécio teve 283 votos. Traições no próprio PFL contribuíram para a vitória folgada de Aécio. Inocêncio esperava ter 220 votos e chegar ao segundo turno, mas recebeu apenas 117 votos.
Ao assumir a presidência, Aécio defendeu uma relação de harmonia com o governo federal: "A relação com o Executivo será serena e sóbria, mas altiva. É possível ser presidente da Câmara, filiado ao partido do presidente e dar dignidade a esta Casa".
Às 20h35, o PFL já reconhecia a derrota. Nesse momento, o placar registrava 158 votos para Aécio e 60 para Inocêncio. "Perdemos. Tivemos menos votos do que a projeção. Hoje foi o dia nacional das traições", afirmou o deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA).
Pela primeira vez, desde a fundação do partido em junho de 1988, o PSDB chegou à presidência da Câmara, acabando com o revezamento entre o PMDB e o PFL. "Não conseguimos mudar os votos partidários. A derrota é minha, dos meus sonhos e de minhas esperanças de voltar à Casa", afirmou Inocêncio. Sobre o possibilidade de fazer oposição ao governo, Inocêncio disse que essa definição é da Executiva do PFL.
O candidato dos partidos de oposição (PT, PDT, PC do B e PV), Aloizio Mercadante (PT-SP), teve 81 votos. O candidato Nelson Marquezelli (PTB-SP), que disputou sem apoio partidário, recebeu 3 votos. O candidato do PL, Valdemar Costa Neto (SP), recebeu 21 votos. Houve 2 votos em branco e 5 votos nulos. Até o fechamento desta edição, a Câmara ainda estava apurando os votos dos demais cargos da Mesa.
Dos 513 deputados, apenas a deputada Esther Grossi (PT-RS) não compareceu à sessão de ontem. Ela está em missão oficial na Tailândia tratando de parceria entre os países na área de educação.
O resultado confirmou o favoritismo do tucano. No início da sessão, a reação do plenário aos discursos dos candidatos também indicava a vitória de Aécio, cujo discurso foi aplaudido efusivamente pela grande maioria dos presentes que lotavam o plenário. Inocêncio fez um discurso, em tom de despedida, que não entusiasmou os deputados. Os outros candidatos não empolgaram o plenário. Marquezelli foi obrigado a pedir silêncio aos colegas.
O PFL chegou ao plenário abalado por dissidências de aliados. O governador Neudo Campos (PPB-RR) declarou o apoio a Aécio e deveria garantir sete dos oito votos do Estado ao tucano.
Os partidos disputaram cada voto. O PSDB pressionou e o PMDB mandou de volta à Câmara o deputado Tadeu Filippelli (DF), secretário do governador Joaquim Roriz (PMDB). Com isso, o suplente Alberto Fraga (PMDB-DF), que votaria em Inocêncio, ficou sem a vaga.
Os tucanos contavam com as traições de parlamentares de outros partidos, principalmente do PFL, para vencer. Entre os traidores estariam deputados pefelistas de Pernambuco, insatisfeitos com a atuação de Inocêncio nas eleições passadas.
A bancada do PL ligada ao bispo Rodrigues teria tentado negociar o apoio ao tucano, mas não teve êxito. Dos sete cargos na Mesa, só não houve disputa para a 3ª secretaria, que cabe ao PT.


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