São Paulo, domingo, 15 de fevereiro de 2009

Próximo Texto | Índice

Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Pró-cimento

Preocupado com o atraso em obras de saneamento e habitação do PAC, palanque central da candidatura de Dilma Rousseff, o governo flexibilizou as regras de controle dos contratos com as empreiteiras. Portaria do Ministério das Cidades, elaborada com o aval da Casa Civil, elimina a exigência de que a Caixa Econômica Federal se certifique da realização de etapas da obra antes de liberar o pagamento. Agora, basta o sinal verde da prefeitura em questão.
Com essa via rápida, o ministério espera ganhar até 90 dias. "Hoje, há um gargalo na fiscalização da Caixa. As empresas ficam muito tempo sem receber", afirma Manoel Renato, assessor das Cidades.



Pá de cal. O ministério alega que a Caixa continuará a fiscalizar, pós-pagamento, e que o controle das prefeituras é suficiente. "Se a CEF detectar problemas, pagamentos futuros à empreiteira ficarão retidos", diz Manoel Renato.

PAC's mother. Depois dos prefeitos, os CEOs. Dilma Rousseff será a principal palestrante de seminário que reunirá presidentes de empresas brasileiras e americanas em Washington em 17 de março, mesmo dia do previsto encontro entre Lula e Obama.

Adeus... Quem conhece Dilma de longa data se impressiona com a rapidez com que a ministra-candidata está incorporando o discurso e os modos de Lula. Aos prefeitos ela atacou o setor financeiro, "que não produz um alfinete". A expressão foi usada pelo presidente pelo menos quatro vezes desde o final do ano.

...ao PowerPoint. Ao ver Dilma, na festa de aniversário do PT, dizer que "o PAC é o nosso boi, e ele já está bem gordinho", um grão-petista se lembrou de um tempo, não muito distante, em que a ministra se apresentava nos encontros do partido munida de planilhas e abria suas exposições com um professoral "senhoras e senhores", para espanto da descontraída plateia.

Mano a mano. "Queremos uma eleição plebiscitária", explica um auxiliar direto de Lula. E contra José Serra, como deixou clara a entrevista do petista Fernando Pimentel, escudeiro de Dilma.

Doril. Geraldo Alckmin é hoje um tucano feliz. Além de ganhar uma cadeira no secretariado de Serra, conseguiu praticamente liquidar a dívida de sua campanha presidencial, um esqueleto que vagava pela praça desde 2006.

Sou... Ouve-se nos corredores da Câmara um discurso preventivo diante de possíveis revelações contidas nas notas fiscais da verba indenizatória de Edmar Moreira, o deputado do castelo. Segundo tal discurso, não haveria nada demais em encontrar, por exemplo, notas emitidas por empresas do próprio Moreira.

...mas quem não é? "Se um deputado é dono de uma rede de postos de gasolina", pergunta um veterano da Câmara, "que mal há em abastecer no próprio posto?". Despesas com combustível respondem por boa parte das fraudes na prestação de contas da verba indenizatória.

Telecastelo. Carlos Sampaio (PSDB-SP) entregará ao presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), relatório com 6.513 mensagens recebidas pela ouvidoria no ano passado, quase todas espinafrando os deputados. Desde janeiro, Edmar Moreira é líder isolado no ranking de protestos.

Latifúndio. A redistribuição das comissões da Câmara dará ainda um pouco mais de espaço ao PMDB. Além da CCJ, que permitiu a Eduardo Cunha (RJ) emparedar o governo mais de uma vez na primeira metade da legislatura, o partido deve ficar com Minas e Energia, por onde passarão o marco regulatório do pré-sal e projetos relacionados a investimentos do PAC.

com FÁBIO ZANINI e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"Precisamos de candidatura própria. Do contrário, seremos chamados apenas para bater a foto do casamento do PT com PMDB."

Do deputado BETO ALBUQUERQUE (PSB-RS), defendendo o lançamento do correligionário Ciro Gomes e a recomposição do chamado "bloquinho", que inclui ainda PC do B e PDT.

Contraponto

A grande família

Um simpatizante do PT e outro do DEM trocavam farpas numa feira livre em Campina Grande.
-Vocês não têm prefeito em nenhuma cidade importante da Paraíba!-, provocou o "demo".
-Para nós, basta ter o presidente da República, que ajuda a mim e a você!-, rebateu o petista.
-A mim, não! Ajuda a você, que vive com uma boquinha do partido. Mas vá se preparando, porque seu "painho" logo deixará o governo...
O petista não se deu por vencido:
-Tem nada, não. Sai "painho" e entra "mainha".


Próximo Texto: Cargos de confiança crescem 32% no país em cinco anos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.