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Deputado critica ampliação da TV Câmara
Para Rafael Guerra, primeiro-secretário, é impossível levar a estrutura do canal para os Estados, como planeja Temer
Gasto com comunicação institucional e individual é maior do que R$ 40 mi; cada deputado tem R$ 15 mil a mais para divulgar mandato
MARIA CLARA CABRAL
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Câmara possui hoje uma
ampla rede para divulgação da
atividade de seus 513 deputados, o que inclui jornal diário,
site, rádio e TV de alcance nacional, além de verba mensal
individual para cada um dos
513 congressistas.
E essa estrutura tende a aumentar caso seja implantada a
promessa de Michel Temer
(PMDB-SP) de fazer a TV Câmara acompanhar os passos
dos deputados nos Estados.
O atual "pacote" de comunicação da Câmara dos Deputados abrange hoje duas esferas, a
individual e a institucional, e
tem gastos anuais que ultrapassam R$ 40 milhões.
O primeiro item do "pacote"
é a estrutura de comunicação
institucional, com orçamento
previsto de R$ 36 milhões para
2009 -a TV Câmara consumirá a maior parte da verba: são
R$ 24,5 milhões para seu custeio e mais R$ 10 milhões de investimentos, como a compra de
novos equipamentos e outras
melhorias.
A TV cobre todo o território
nacional, em pacotes por assinatura, via satélite ou com sinal
aberto. A "comunicação oficial"
pauta-se, principalmente, pela
transmissão ao vivo e pela reprise das sessões plenárias, das
comissões temáticas, além de
debates e entrevistas individuais com parlamentares. A
maioria dos funcionários da comunicação trabalha no canal
televisivo (235 de 452).
Responsável pelas finanças
da Câmara, o primeiro-secretário, Rafael Guerra (PSDB-MG),
diz que a proposta do presidente da Câmara é "impraticável".
"Acho impossível a TV Câmara
fazer isso, imagine o custo de
equipamentos e funcionários
em 27 Estados", diz ele, para
quem a exposição dos deputados na TV da Casa é suficiente.
Apesar de ser contra, ele
aposta suas fichas em investimentos não menos polêmicos.
Para ele, o mais apropriado seria aumentar o investimento
em veículos de alcance nacional. A compra de espaços publicitários, como já fazem alguns
órgãos do governo, e uma
maior aproximação dos deputados com os jornalistas são algumas das opções apontadas.
Temer defende espalhar
equipes da TV Câmara pelos
Estados com o argumento de
que é necessário acabar com a
impressão de que congressista
só trabalha de terça a quinta,
únicos dias da semana com alguma atividade razoável no
Congresso Nacional.
Verba indenizatória
Além da comunicação institucional, o deputado conta com
verba mensal de R$ 15 mil, o
que inclui a rubrica chamada
"divulgação da atividade parlamentar". Isso se resume a edição de jornais, sites e métodos
menos ortodoxos de penetração na imprensa local -é usual
o pagamento a rádios e jornais
do interior pela veiculação de
"notícias" sobre o deputado.
Levantamento feito pela Folha mostra que no ano passado
os deputados usaram R$ 7,3
milhões dos cofres públicos
justamente sob o argumento de
divulgarem os mandatos em
seus redutos eleitorais.
Entre os que mais usaram a
verba está a deputada Gorete
Pereira (PR-CE), que foi reembolsada em R$ 81,8 mil, a maior
parte, segundo ela, devido à
produção de folhetos informativos sobre a lei Maria da Penha. Gorete afirma que o folheto vem apenas com uma pequena ressalva de que o material é
feito pelo seu gabinete e, diz,
não serve para promoção pessoal. "Precisamos divulgar essa
lei tão importante e vou continuar gastando", disse.
Outro com gastos elevados
na rubrica foi o candidato derrotado a prefeito de Belo Horizonte, Leonardo Quintão
(PMDB-MG). "Faço jornais,
mensal, bimestral, e mando
cartas, como quando tive que
explicar a aposentados um voto
que dei. O jeito mais fácil de
manter o eleitor informado sobre o que eu faço é produzindo
jornal e mandando carta", afirma ele, que gastou R$ 58,3 mil.
Um exemplo do que é produzido com a verba começou a circular na semana passada: um
jornal tabloide de quatro páginas, com praticamente um único tema: a eleição de Inocêncio
Oliveira (PR-PE) para a Mesa
da Casa. Além de uma entrevista com o deputado sobre as articulações para sua eleição, o
informativo trazia uma página
com registro de vários elogios
feitos pelos deputados pela
eleição do colega.
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