|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SÃO PAULO
"Efeito Nicéa" e corrida eleitoral já influem em renegociação
Senado discute nova regra
para rolagem da dívida
da Sucursal de Brasília
Além das denúncias feitas pela ex-primeira-dama de
São Paulo Nicéa
Pitta, a disputa eleitoral deste ano vai
dificultar ainda mais a rolagem da
dívida do município, estimada
em R$ 10,5 bilhões.
Ontem, o relator do projeto de
renegociação da dívida, senador
Romero Jucá (PSDB-RR), já admitia novas regras após pressão
de colegas.
Os senadores Eduardo Suplicy
(PT-SP) e Romeu Tuma (PFL-SP), diretamente envolvidos na
disputa, defenderam ontem na
CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) que a dívida seja rolada
em apenas dez anos.
O governo federal, a prefeitura e
o relator defendem que a rolagem
seja feita em 30 anos, o que seria
financeiramente mais favorável
para o governo municipal.
A mulher de Eduardo Suplicy,
Marta Suplicy, é a pré-candidata
do PT na sucessão do prefeito
Celso Pitta (PTN). Já o senador
Romeu Tuma é um dos pré-candidatos do seu partido ao cargo.
Romero Jucá reagiu à posição
defendida pelos colegas de Senado e admitiu dois prazos para a
renegociação da dívida paulistana: dez anos para os débitos criados a partir de títulos emitidos irregularmente e 30 anos para a
parte da dívida emitida e constituída regularmente.
"Vamos dirigir a discussão a
partir desse parâmetro", disse Jucá, nomeado ontem relator do
acordo. Sua proposta segue o que
está determinado nas resoluções
do Senado que tratam da rolagem
de dívidas criadas pela emissão de
títulos destinados ao pagamento
de precatórios (dívidas judiciais).
Para Romeu Tuma, rolar a dívida de São Paulo em 30 anos é
"conceder um atestado de bons
antecedentes para Celso Pitta".
Suplicy disse que já discutiu o
assunto com os assessores de sua
mulher, que deverá propor uma
nova negociação da dívida caso
seja eleita prefeita de São Paulo.
O petista informou, repetindo o
que foi apurado pela CPI do Senado que investigou irregularidades
na emissão de títulos públicos (inclusive os da cidade de São Paulo), que apenas 23,39% das emissões foram regulares.
Para Romero Jucá, os senadores
Suplicy e Tuma estão adotando
um "referencial político" na discussão que poderá inviabilizar a
prefeitura de São Paulo. "O prefeito Celso Pitta é carta fora do baralho nessa discussão. Temos que
ter frieza para não inviabilizar a
maior cidade do país", afirmou.
O senador Pedro Piva (PSDB-SP), que também participa da
CAE, apóia o prazo de 30 anos para a renegociação da dívida paulistana. Ele apóia o virtual candidato tucano na disputa, o vice-governador de São Paulo, Geraldo
Alckmin.
A convocação de Celso Pitta foi
confirmada ontem pela CAE para
o dia 23. O senador Romero Jucá
explicou que a convocação já estava acertada há mais de duas semanas -portanto, antes de as
denúncias de Nicéa serem divulgadas.
CPI em Brasília
Os partidos de oposição na Câmara dos Deputados vão começar a recolher hoje as 171 assinaturas necessárias para o pedido de
abertura de uma CPI (Comissão
Parlamentar de Inquérito) na Casa sobre precatórios, agora à luz
das denúncias de Nicéa.
Líderes governistas, por sua vez,
já avisaram que vão orientar suas
bancadas para que não apóiem a
proposta.
O líder PMDB, Geddel Vieira Lima (BA), afirmou que as denúncias são restritas à administração
da Prefeitura de São Paulo. "Querem transformar a Câmara de Deputados em uma Câmara de vereadores de nível discutível. Desestimularei minha bancada a tratar desse assunto", afirmou.
O líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE), afirmou que a questão
deve ser tratada pelo Ministério
Público e pela Justiça. "A CPI do
Senado já concluiu seu trabalho e
não há fato novo para uma nova
comissão", disse o pefelista.
O líder do governo na Câmara,
Arnaldo Madeira (PSDB-SP), disse que não encontrou nada que
transforme as denúncias em fato
nacional que justifique a apuração pela Câmara.
"Apurar o roubo do dinheiro
público é difícil. Quem não assinar (o pedido de CPI) que arque
com as suas responsabilidades e
que explique à população o motivo de não apoiar a CPI", disse o líder do PDT, Miro Teixeira (RJ).
Texto Anterior: Covas pode afastar Pitta, mas não quer Próximo Texto: Aluguel de filha de Pitta é de R$ 5.000 Índice
|