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São Paulo, sábado, 15 de março de 2003

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ENCONTRO PETISTA

Ala majoritária do partido quer escapar de desgaste da discussão da condução econômica com esquerda petista

Cúpula do PT evita confronto com radicais

PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

A cúpula do PT inaugura hoje, na primeira reunião do Diretório Nacional após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, uma nova tática na relação com as alas radicais do partido. Vai deixá-los falando sozinhos: "Não vamos ser conduzidos por um ou outro deputado que pretenda fazer barulho para ganhar espaço na mídia", afirma o presidente nacional do PT, José Genoino.
Genoino lembra que todas as tendências petistas têm cargos no governo, o que as torna co-responsáveis da gestão Lula.
O presidente do PT afirma que o tom da reunião não será de confronto nem discutirá punições a eventuais discordâncias de parlamentares em relação às ações do governo.
"O PT é governo. E o governo é PT. Não vou mais entrar em polêmica", declarou o presidente do partido, em referência a parlamentares da esquerda como João Batista Abreu, o Babá, e Luciana Genro, que têm criticado o ministro da Fazenda, Antonio Palocci.
A esquerda tentará fazer da reunião mais um embate interno no partido, que tem se avolumado desde a nomeação do ex-tucano Henrique Meirelles para o Banco Central e as duas elevações das taxas básicas dos juros da economia no governo Lula.
O presidente abrirá a reunião do diretório, fazendo uma análise da conjuntura política e defendendo os rumos do governo até agora. Tentará convencer a maioria do diretório de que as decisões já tomadas, se não foram as desejadas pelo partido, foram as necessárias em razão da conjuntura nacional e internacional.
Em seguida, falam os ministros José Dirceu (Casa Civil), Palocci e Ricardo Berzoini (Previdência).
A esquerda petista apresentará proposta para a convocação de um seminário, reunindo economistas de diversas tendências do partido, para tentar redirecionar a gestão econômica do governo Lula. Prega a "superação da globalização neoliberal, da tirania dos mercados e do parasitismo do capital financeiro" e aponta como "preocupante" a continuidade na condução da gestão econômica. A proposição dificilmente será vitoriosa, porque a tendência centrista Articulação detém a maioria no Diretório Nacional.
O texto a ser aprovado é o do campo majoritário petista, que apóia a condução da política econômica, prega o apoio às reformas previdenciária, tributária e política e elogia a política externa do governo Lula.

Bittar será o número 2
A reunião do Diretório -que se realizará hoje e amanhã no Pestana Hotel, em São Paulo, a partir das 9h- servirá ainda para formalizar o afastamento da Executiva Nacional dos petistas com cargos no ministério.
Uma polêmica que se arrasta desde janeiro será resolvida: o deputado federal Jorge Bittar (RJ) será eleito secretário-geral do PT, ocupando a vaga de Dulci.
Sua indicação será uma vitória do presidente do PT, autor da idéia de destinar o cargo a um político com "expressão social", ou seja, votos e visibilidade pública.
O ministro-chefe da Casa Civil defendia para a secretaria-geral um nome da burocracia partidária de sua confiança, Silvio Pereira, mantido na Secretaria de Organização do PT.


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