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TRAJETÓRIA
Católico, governador exibe perfil pragmático
DA REDAÇÃO
Quarenta e cinco anos após a
posse de Jânio Quadros, o tucano
Geraldo Alckmin lutou para repetir a trajetória natural de todos os
governadores paulistas: disputar
a Presidência. Os últimos ocupantes do Palácio dos Bandeirantes
que tentaram o feito fracassaram:
Paulo Maluf perdeu em 1985 e
1989, e Orestes Quércia, em 1994.
Mario Covas, candidato natural à
sucessão de Fernando Henrique
Cardoso, morreu de câncer em
2001. Agora é a vez de Alckmin.
Católico praticante, Alckmin é
considerado mais conservador
que os principais fundadores do
PSDB (FHC, Mario Covas e Franco Montoro), o que ele nega. O
governador se defende afirmando
que prefere a ação à retórica. Político frio e metódico, que gosta de
ser visto como gerente, ganhou o
apelido de "picolé de chuchu",
mas hoje tenta revertê-lo em seu
favor: "No meu governo, o Brasil
vai crescer pra chuchu e terá trabalho pra chuchu". As principais
críticas à sua gestão concentram-se na segurança pública (rebeliões
na Febem, muitos seqüestros).
Natural de Pindamonhangaba
(SP), onde nasceu em 1952, Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho
ainda estudava medicina na vizinha Taubaté (SP) quando foi convidado a disputar uma vaga de vereador na sua cidade natal pelo
MDB. Seu pai, que tinha militado
na conservadora UDN, acabou
não se opondo ao ingresso do filho na oposição ao regime. Alckmin assinou sua ficha de filiação
em 14 de agosto de 1972 e foi eleito
em novembro, com 1.447 votos,
mais de 10% dos votos válidos.
Tornou-se presidente da Câmara, mas ainda insistia em dizer:
"Vou ser médico, não político".
Quatro anos depois, disputou a
prefeitura: venceu, mas desta vez
com parcos 67 votos de diferença
para o segundo colocado. Assumiu em 1977, ano em que concluiu a faculdade, nomeando seu
pai como chefe-de-gabinete -o
que lhe valeria muitas acusações
de nepotismo. Simpático à Opus
Dei, o pai de Alckmin pediu ao filho, em 1978, que batizasse uma
das ruas de Pindamonhangaba
com o nome do fundador da organização. O governador nega ter
vínculos com a Opus Dei: diz que
apenas um tio (já morto) e uma
prima integraram a entidade.
Em 1979, Alckmin terminou sua
especialização em anestesiologia e
se casou com Maria Lúcia, que conhecera num baile. Tiveram três
filhos: Sophia, Geraldo e Thomaz.
Asfaltou muitas ruas e, em 1982,
elegeu-se folgadamente deputado
estadual com 96.232 votos. Na Assembléia, estreitou seus laços com
o então governador Franco Montoro (PMDB). Em 1986, foi eleito
deputado federal com 124.971 votos. Na Constituinte, apresentou o
primeiro projeto do Código de
Defesa do Consumidor e da lei sobre doação e transplante de órgãos. Aproximou-se do senador
Mario Covas e o acompanhou em
junho de 1988 quando ele liderou
o grupo que deixou o PMDB e
fundou o PSDB. Reelegeu-se em
1990, embora com uma votação
bem menor (55.639 votos).
Em 1991, foi eleito presidente do
PSDB paulista após forçar a desistência de Sérgio Motta (aliado de
FHC). Saiu pelo interior fundando diretórios e atraindo aliados.
Esse trabalho chamou a atenção
de Covas, que em 1994 o escolheu
para ser seu vice na disputa pelo
governo de São Paulo. Covas venceu Francisco Rossi (PDT) no segundo turno com 8.661.960 votos.
Alckmin foi nomeado presidente do Conselho de Desestatização.
Obteve cerca de R$ 16 bilhões com
privatizações e concessões. Em
1998, quando Covas disputou a
reeleição, Alckmin o procurou
para dizer que ficasse à vontade
para indicar alguém do PFL para
vice. Covas não aceitou: "Está
com medo de perder a eleição?
Não tem discussão, é você mesmo". O PFL apoiou Paulo Maluf
(PPB), mas Covas foi eleito governador no segundo turno com
9.800.253 votos (55,37%).
Em 2000, Alckmin disputou a
Prefeitura de São Paulo. Em abril,
tinha apenas 3% das intenções de
voto. Na eleição, obteve 952.890
votos (17,21%), apenas 7.691 votos a menos do que Maluf, que
perdeu no segundo turno para
Marta Suplicy (PT). Apesar da
derrota, Covas ficou satisfeito:
"Não disse que ele era bom?"
Com a morte de Covas, em 6 de
março de 2001, assumiu o governo, mudando a equipe aos poucos. Com bons índices de aprovação à sua gestão (56% de aprovação em outubro de 2002), foi reeleito governador derrotando José
Genoino (PT) no segundo turno
com 12.008.819 votos (58,6%).
Alckmin nega o rótulo de conservador ("Eu sou de centro-esquerda, um social-democrata.
Mas gosto de ser considerado
mais pragmático"). Sustenta que
os maiores problemas da política
não são ideológicos, mas sim de
"seriedade", "austeridade" e
"bom gerenciamento".
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