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Câmara estuda reajuste de 28% para verba de gabinete
Se aprovado pela Mesa, cada deputado terá R$ 65,1 mil por mês para contratar assessores
Proposta foi apresentada por Ciro Nogueira; inflação medida entre dezembro de 2005, no último aumento, e o mês passado é de 4,4%
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Mesa da Câmara começou
a analisar ontem proposta de
reajustar em 28,1% a verba
mensal que os deputados têm
direito para a contratação de
assessores. Com a medida, o valor mensal da chamada "verba
de gabinete" subiria de R$ 50,8
mil mensais para R$ 65,1 mil
por parlamentar, um reajuste
acumulado nos últimos dez
anos de 225%. A inflação no
mesmo período foi de 91%.
A proposta foi apresentada
pelo segundo-secretário da Câmara, Ciro Nogueira (PP-PI),
em reunião da Mesa coordenada pelo presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP). O reajuste só não foi a voto ainda ontem porque o terceiro-secretário, Waldemir Moka (PMDB-MS), pediu "vista".
Para entrar em vigor, basta
que o reajuste seja aprovado
pela maioria dos sete integrantes da Mesa. Novo encontro
ainda não tem data para ocorrer. O último reajuste da verba
foi em dezembro de 2005,
quando subiu de R$ 42 mil para
R$ 50,8 mil.
Com a verba de gabinete, os
deputados podem contratar,
cada um, até 25 assessores sem
concurso público. Reportagem
da Folha mostrou que ao menos 52 deles empregavam parentes nesses postos, cujos salários vão de R$ 601 a R$ 8.040.
Ciro Nogueira afirmou à Folha que sua proposta tem por
objetivo apenas repor a perda
inflacionária ocorrida nos últimos anos. Entretanto, a inflação medida entre dezembro de
2005 e o mês passado é de apenas 4,4%, índice bem inferior
aos 28% propostos.
"O reajuste é defendido por
todos os deputados, é unanimidade", disse Nogueira, que tem
grande trânsito entre o "baixo
clero" e foi um dos principais
aliados do ex-presidente da Casa Severino Cavalcanti (PP-PE), notório defensor de aumentos para deputados.
Em recente estudo de um
grupo de trabalho da Câmara,
foi sugerida a redução de 25 para 12 assessores por gabinete,
além do estabelecimento de regras claras sobre a atribuição
desses cargos. Não se falou, entretanto, sobre os valores destinados para as contratações.
Salário
Também na reunião da Mesa
de ontem foi discutido o aumento do salário dos deputados, hoje em R$ 12.847. Desde o
ano passado, quando fracassou
a tentativa de elevar o contracheque para R$ 24.500 -um
reajuste de 91%-, o assunto
permanece pendente.
Chinaglia, ao assumir em fevereiro, afirmou que trataria
logo do tema, mas até hoje não
houve evolução.
A avaliação ontem dos integrantes da Mesa ouvidos pela
Folha é que predomina a tese
de reajustar os contracheques
pela inflação dos últimos quatro anos, o que elevaria o salário
de R$ 12.847 para pouco mais
de R$ 16 mil.
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