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Assembléia pode ampliar poderes de Serra
Frente governista, que deve ter 72 dos 94 deputados, já planeja apresentar proposta para regulamentar leis delegadas
Ao contrário de Alckmin, que não conseguiu eleger um aliado na presidência da Casa, atual governador terá um tucano no comando
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
Ampla maioria dos 94 deputados estaduais toma posse hoje na Assembléia paulista disposta a apoiar o governador José Serra (PSDB), o que deverá
permitir ao tucano aprovar
projetos polêmicos, como o que
regulamenta o uso de leis delegadas pelo Executivo -uma espécie de carta branca para o governador tomar medidas sem
consultar diretamente a Casa.
Conforme levantamento feito pela Folha com as bancadas,
apenas os 20 parlamentares do
PT e os dois do PSOL farão
oposição sistemática a Serra.
Com o tucano, já estão fechados PPS, PTB, PFL e PTB. Outras siglas ainda negociam o
apoio (veja quadro), o que deve
levar à formação de frente governista com 72 deputados.
Nos últimos dois anos da legislatura anterior, Geraldo
Alckmin (PSDB) e Cláudio
Lembo (PFL) -que governou o
Estado de março de 2006 a 31
de dezembro- enfrentaram a
oposição de 23 deputados do
PT, de 2 do PC do B e de boa
parte do PMDB, do PDT, do
PSB e até dos pefelistas.
A frente oposicionista fez,
por exemplo, com que o candidato de Alckmin perdesse a
disputa pelo comando da Casa
em 2005 e tivesse dificuldade
para aprovar o orçamento.
Mas a nova composição da
Assembléia, que renovou em
48% seus quadros, deverá permitir que o PSDB retome o comando do Legislativo após um
hiato de dois anos, tempo em
que Rodrigo Garcia (PFL), com
o apoio do PT, esteve à frente
da Casa, após ter derrotado Edson Aparecido (PSDB). O próximo presidente deve ser o tucano Vaz de Lima.
Carta branca
A ampla maioria de Serra fez
com que parlamentares governistas começassem a fomentar
as condições para apresentação
da proposta de regulamentação
de leis delegadas, a exemplo do
que ocorre em Minas Gerais.
Segundo a Folha apurou
com líderes da base, a idéia
contaria com a simpatia de Serra e seria apresentada assim
que partidos como PSB, PR e
PV assumissem a condição de
apoiadores do Palácio dos Bandeirantes na Casa.
Segundo o professor de direito constitucional da PUC-SP,
Vidal Serrano Nunes Jr., é preciso apresentar uma proposta
de emenda à Constituição do
Estado para que se adote as leis
delegadas. "O Supremo Tribunal Federal admite que o Estado possa editar medidas provisórias desde que haja previsão
expressa da Constituição estadual. Seguindo a coerência, não
pode haver leis delegadas em
São Paulo sem que haja emenda constitucional."
A professora da Faculdade
de Direito da USP, Anna Maria
Martins, concorda. Ela explica
também que, diferentemente
das leis delegadas, os decretos
-possibilidade legal que o Executivo paulista já tem hoje-
geralmente referem-se a atividades administrativas, pois
não podem impor sanções nem
criar normas ou direitos. A possibilidade de atuação por leis
delegadas seria mais ampla.
Por meio delas, Serra poderia tomar medidas em áreas específicas sem precisar passar
pela Assembléia. A justificativa
dos governistas é que o Executivo seria mais ágil em questões
cruciais em temas como educação, saúde e segurança.
O regimento da Assembléia,
que obriga 24 horas de discussão para cada projeto em plenário, favorecendo a obstrução
da pauta pela oposição, é o
maior aliado dos defensores da
proposta, que ainda preferem
se manter no anonimato.
Caso a idéia das leis delegadas não prospere, os governistas planejam alterar o regimento do Poder, outro ponto delicado na relação Legislativo-Executivo. As medidas são contestadas pela oposição. "Não
aceitamos", afirma o petista
Rui Falcão, evocando os 152
decretos editados por Serra em
dois meses de governo.
Vaz de Lima diz desconhecer
o projeto. Segundo ele, "ainda é
muito cedo" para falar do assunto. O tucano, que não aceita
se colocar na condição de presidente virtualmente eleito,
afirma, no entanto, ser favorável à medida "em condições e
áreas específicas".
Segundo a assessoria de imprensa do governo, a Casa Civil
não tem conhecimento de projeto sobre leis delegadas.
Colaborou ANGELA PINHO, da Redação
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