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Igreja veta show de Sandy e Junior para papa
Diversos segmentos católicos se opuseram à escolha da dupla sob justificativa de que eles não teriam um perfil religioso
Em nota, cantores dizem que não vão se apresentar para o papa porque estão com a agenda cheia devido a novo projeto para a carreira
LEANDRO BEGUOCI
DA REPORTAGEM LOCAL
A dupla Sandy e Junior não
vai mais cantar para Bento 16
no encontro que o papa terá
com os jovens no Estádio do
Pacaembu, no dia 10 de maio,
em São Paulo. Bispos, padres,
movimentos religiosos e pastorais de todo o país se levantaram contra os artistas.
Oficialmente, os cantores dizem que não chegaram a acordo com a Arquidiocese de São
Paulo sobre a data da apresentação. Em nota, a assessoria de
imprensa de Sandy, 24, e Junior, 21, diz que eles "foram
convidados para se apresentar
durante evento de encontro do
papa com a juventude católica,
no Estádio do Pacaembu. O
convite aconteceu e os artistas
sentiram-se muito honrados.
No entanto, as negociações não
tiveram prosseguimento em
razão da agenda dos mesmos.
Neste período de maio, Sandy e
Junior estarão totalmente dedicados a um novo projeto da
carreira, que será em breve
anunciado oficialmente".
A Folha informou no dia 1º
de março que os cantores foram convidados pela Igreja Católica e estavam dispostos a ir
ao Pacaembu. Faltava apenas
uma reunião, que deveria acontecer neste mês, na qual a igreja
explicaria o evento à dupla.
Porém, após a reportagem da
Folha houve uma "convulsão
eclesiástica", segundo uma
pessoa ligada à igreja que não
quis se identificar. A reunião
não aconteceu, as negociações
esfriaram a e o show teve de ser
cancelado. O veto foi confirmado por pessoas que estão envolvidas na organização da visita
tanto pelo lado da igreja quanto pelo lado dos governos.
Segundo d. Pedro Stringhini,
bispo-auxiliar da Arquidiocese
de SP e um dos responsáveis
por organizar a visita do papa a
São Paulo, as críticas chegaram
das mais diversas partes do
Brasil -jovens de todas as dioceses do país estarão com Bento 16 no estádio paulistano. "A
escolha da dupla não foi bem
recebida", lamenta o bispo. "Há
outros nomes em estudo, mas a
tendência agora é que o encontro com o papa seja animado
por grupos da própria igreja."
O veto
O bispo não quis entrar em
detalhes sobre o conteúdo das
mensagens enviadas, que vieram tanto da Renovação Carismática, que tem o padre-cantor
Marcelo Rossi como expoente,
como da teologia da libertação,
que vê a igreja a serviço da
transformação social.
A reportagem apurou que as
reclamações mais freqüentes
são as seguintes: a dupla seria
brega, excessivamente paulista
e não teria o perfil católico desejado para o evento. Em 2003,
eles estrelaram campanha pelo
uso de camisinhas.
Também chegaram pedidos
de que apenas bandas católicas
se apresentassem no evento,
sob o argumento de que fiéis-artistas são mais adequados para se apresentar diante do papa.
Porém, nem isso é consensual. Marcelo Naves, coordenador da Pastoral da Juventude
em São Paulo, afirma que nomes como Rappa e Gabriel, o
Pensador seriam melhores.
"Não tenho nada contra
Sandy e Junior, mas acho que
eles não nos representam. Eles
não traduzem os clamores da
juventude que sofre com a violência nas grandes cidades,
com o desemprego."
Em 2005, a igreja vetou a
participação de Daniela Mercury no concerto de Natal do
Vaticano porque ela protagonizou uma campanha pelo uso de
camisinhas naquele ano. Roberto Carlos, que cantou "Jesus
Cristo" para João Paulo 2º em
1997, saiu em defesa da artista à
época: "Não concordo com nenhum veto à camisinha. Trata-se da vida, de preservar a vida".
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