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PREVIDÊNCIA
Reunião nesta semana definirá percentual de contribuição do setor, incluindo aposentados e pensionistas
Militar quer alíquota menor que a de civil
RUI NOGUEIRA
da Sucursal de Brasília
Os militares
vão resistir o
quanto puderem à intenção
da equipe econômica de fazê-los contribuir
para a Previdência Social com a mesma alíquota
imposta aos civis no início deste
ano, segundo a Folha apurou. Vão
usar um argumento do próprio governo: são, constitucionalmente,
diferentes dos demais servidores.
No programa de ajuste fiscal de
R$ 33 bilhões, só para 99, a equipe
econômica conta com uma receita
nova de R$ 400 milhões, dinheiro
das contribuições dos militares da
ativa, inativos e pensionistas. Isso
se os militares aceitarem pagar as
alíquotas que o Congresso aprovou para os civis, de 1º de maio
próximo a 31 de dezembro de 2002.
Essa receita dos militares contabiliza apenas a contribuição paga a
partir de setembro, portanto, nos
últimos quatro meses do ano. O
Ministério da Fazenda calcula em
R$ 1,2 bilhão a arrecadação anual.
Como as contribuições só podem
ser cobradas 90 dias depois da
aprovação, e o projeto da previdência dos militares só deve chegar
ao Congresso no final deste mês,
dificilmente os parlamentares levarão menos de dois meses para
analisar e votar o assunto.
A reforma geral da Previdência,
aprovada no ano passado, determinou que os militares têm direito
a um sistema previdenciário específico. O projeto está em estudo no
Emfa (Estado-Maior das Forças
Armadas) e o governo quer enviá-lo até o final deste mês ao Congresso, no mais tardar.
Os servidores civis da ativa e os
aposentados vão descontar 11%
sobre a parcela de salário até R$
1.200; 20% sobre a parcela de R$
1.200 a R$ 2.500; e 25% acima de R$
2.500. Ficaram isentos os inativos e
pensionistas que recebem até R$
600. Para os inativos com mais de
70 anos e os aposentados por invalidez, o limite ficou em R$ 3.000.
Hoje, os militares não contribuem para a Previdência Social.
Custeiam dois fundos próprios,
um de pensão e outro de saúde,
descontando 16% e 25%, respectivamente. Mas o desconto é sobre o
soldo, o menor valor no contracheque das Forças Armadas. A
contribuição média fica em torno
de 1,5% do total de vencimentos.
Inativos não contribuem.
Os militares admitem a necessidade de contribuir para a Previdência. Mas não aceitam as mesmas alíquotas dos civis por terem
deveres próprios que os proíbem,
na ativa, de se sindicalizar, fazer
greve, filiar-se a partidos políticos,
rejeitar missões e os constantes
deslocamentos pelo país afora.
Outro argumento dos militares:
foi o próprio governo FHC quem
patrocinou e aprovou, com apoio
de parte até da oposição, a emenda
constitucional 338. Essa emenda
corrigiu uma distorção da Constituição de 88, que colocou em um
mesmo estatuto civis e militares.
Aprovada em 97, a emenda 338
criou uma carreira própria para os
militares. Na justificativa da emenda, o governo dizia que os militares
não podem ser misturados por desempenharem "função distinta na
essência e na finalidade".
Na reunião de discussão da versão final do projeto próprio de previdência, os militares esperam que
o governo reconheça essas especificidades da carreira. Mas nenhuma assessoria militar, do Emfa e
dos outros três ministérios militares (Exército, Marinha e Aeronáutica), revela qual a alíquota estariam dispostos a pagar.
Em reunião esta semana, além da
alíquota, também vão ser decididas questões como o pagamento
de pensão vitalícia para as filhas
dos militares e a promoção no momento da aposentadoria.
A Folha apurou que a promoção
no encerramento da carreira deve
acabar. A pensão para as filhas não
vai acabar imediatamente.
O governo quer impor a contribuição previdenciária aos militares, entre outros motivos, porque a
diferença entre o gasto com o pessoal da ativa e pensionistas e reservistas chegou a R$ 1,1 bilhão em 97.
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